O mistério do ouro
Quando nos reunimos com os amigos ou com a família para um bate papo, sempre tem um que nos surpreende com algo de engraçado que conta, outra hora casos de arrepiar.
E vou contar um caso meio misterioso que não dá para acreditar. Meu sobrinho de 10 anos viajou para Belo Horizonte com seus pais e minha mãe sempre quando volta de férias, vem correndo me contar as aventuras que passou. Dessa vez, ele me surpreendeu com um caso que achei muito engraçado. Começou ele me contando que a fazenda em que ficaram possui 180 anos, e por ser tão antiga, teve que ser reformada diversas vezes. O garoto disse que se sentou uma tarde para conversar com o caseiro que fica na fazenda e foi ele quem contou toda a história ao meu sobrinho.
Disse o caseiro que o primeiro dono da fazenda, (há 180 anos) era um homem milionário, mas um tipo muito “pão duro”, que ao envelhecer, pegou toda sua fortuna e colocou-a dentro de um baú e o que mais continha no baú era ouro, muito ouro. O baú ele escondeu em algum canto da casa, que sua família procurou por muitos anos e não encontrando, desistiram e venderam a propriedade. E assim, a fazenda passou pelas mãos de muitos donos, até chegar às mãos do tio de meu sobrinho.
Então o caseiro contou a ele, que numa noite estava sozinho na fazenda e por ser tarde, fechou toda a casa, apagou todas as luzes e foi dormir, mas ao se deitar, não conseguir fechar os olhos, pois ficava imaginando onde estava esse ouro guardado, lá fora só se ouviam os cachorros que latiam sem parar, e os trovões. Faltavam poucos minutos para a meia noite.
Foi que de repente ele ouviu alguém mexer na porta da frente da casa e logo em seguida ouviu a porta se abrir devagar e depois bater com tamanha força que ele pulou. Assustado, levantou-se rápido, imaginando quem seria àquela hora. O grande relógio na sala bateu, indicando que era meia-noite em ponto. Então foi até a porta do quarto e encostou seu ouvido na porta para ver se ouvia algo, e ouviu passos, alguém caminhava pela casa. Abriu a porta bem devagar e espiou para ver se via algo, mas a casa estava numa enorme escuridão que não se via a um palmo do nariz. Então ouviu os passos novamente e percebeu que alguém estava indo em direção à cozinha, o estranho pegou o bule de café e pôs o café no copo, logo em seguida ouvia-se na escuridão o barulho de um prato que caiu e quebrou. Os passos voltaram para a sala, ele ficou aterrorizado quando aqueles passos passaram perto dele, e o caseiro, ali escondido atrás da porta, forçou as vistas, e seu sangue gelou, pois não via ninguém a não ser passos.
Percebeu que o estranho sentou-se no sofá e para seu maior tremor ele não estava sozinho, pois começou a ouvir vozes, parecia uma reunião de três homens. Aqueles três estranhos ali na sala diziam:
- “Bem, começou um deles, cá estamos novamente reunidos para dividirmos nosso ouro om quem tiver coragem de nos enfrentar!”.
Ele queria ouvir o resto da conversa, mas de repente ouviu um barulho, como se fosse uma ventania forte entrando na sala, quando passou, ouviu passos indo em direção a porta da frente, a porta se abriu e depois bateu violentamente...depois disso tudo voltar ao normal, um silêncio tomou conta da casa, ele se deitou mas não dormiu, quando o galo cantou às 6h00 da manhã ele correu à cozinha, chegando lá sentiu seu sangue gelar, os copos que ele pensava que estariam sujos por café, estavam limpos no armário e nenhum sinal de prato quebrado no chão. Tudo fora tão estranho, de quem eram aquelas vozes? Quem esteve ali no inicio da madrugada? Correu até a porta da frente, o cadeado estava ali do jeito que ele fechou a porta, nem sinal de ter sido aberta.
Então olhou em direção ao alçapão e lembrou que ele não era aberto há anos. Mas imaginou que provavelmente o ouro estaria ali, mas não se atreveu a abri-lo. Porém, na casa havia sótão, porão e alçapão, num desses lugares deve estar.
Mas gente do interior é muito supersticiosa e acredita em quase tudo, diz o caseiro, que se encontrar realmente o ouro, quebrará o encanto do mistério.
Nas próximas férias eu irei a essa fazenda e pergunto se alguém gostaria de ir comigo para entrar no alçapão e desvendar o mistério do ouro.
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Este conto é verídico, e tudo que foi relatado ocorreu nas férias de Julho do ano de 1986.
Data original do conto: 07/08/1986
Data de publicação: 11/04/2011
CONTO DE LÚCIA SOUZA DE LIMA