Pesadelo - Parte 2

Denise estava sozinha e pensativa no apartamento.Agora já tinha 15 anos e tinha mais liberdade para vagar pelo prédio sozinha.

Começou a descer as escadas bem devagar, não estava com pressa, apenas queria aproveitar o passeio.

Parou no 25° andar e ficou a olhar as estrelas, o céu e um flashback veio à sua mente:

-Aaaaaaaaaaaaaa, olha lá!!Me tira daqui, me tira daqui!!

Um estalo a tirou do transe momentâneo e a assustou.Era apenas algum morador mexendo nas portas de emergência.

Voltou a observar o céu.Conforme foi crescendo, seu entusiasmo por astronomia e observação das estrelas foi aumentando, aquilo a intrigava, tirava seu sono.

Um ponto brilhante no céu.Tinha a forma de um balão, descia devagar, tinha cores bonitas.

Um tremor, outros, e outros...

Ela resolveu descer correndo as escadas pois não queria ir de elevador.

Foi rápido, já tinha o costume desde pequena e queria ajudar os moradores, pois achava se tratar de um terremoto.Chamou algumas pessoas para a acompanharem e saírem seguras do recinto.

Chegando na portaria, encontrou o irmão e o abraçou, mas percebeu que havia algo errado:

-Mar, que bom te encontrar!Você está bem?Este terremoto me assustou muito...

Havia muitas luzes vindo do céu, o barulho das sirenes ecoavam da parte de fora, eis que Marcelo a interrompe:

-Ouça!Estou bem, mas isso não é um terremoto!!Há várias naves pousando aqui, seres monstruosos atacando pessoas, estão chegando cada vez mais perto do centro, vamos ao subsolo, é mais seguro.

O mundo de Denise desabou, o flashback anterior caiu como uma bomba em sua cabeça, o céu que tanto adorava havia trazido invasores, ficou tonta e não sabia o que dizer:

-Mas...o que?como?

Um estrondo se ouviu.As luzes eram mais intensas e alucinantes.Pessoas corriam e gritavam implorando por suas vidas.

Marcelo pegou o braço da irmã e todos saíram correndo para a parte de baixo do prédio.As crianças choravam, as mulheres gritavam histéricas e o que se ouvia e via era um cenário de terror total.

Chegaram na parte mais baixa, acreditaram estar seguros por um momento, ela sussurrava:

-Por que?Por que?

Andaram por todo o lado, tentando encontrar algum lugar seguro.Havia bancos e algumas lojas estavam fechadas pois já era noite.Uma senhora desconhecida tentou dar uma idéia, mas foi interrompida.

Um louco cristão começou a gritar:

-Mas o que é isso?Deus vai salvar todos nós, eu acredito nele!Eu tenho fé.

Ele se encaminhou para a porta principal do subsolo e a abriu.

O que todos viram era aterrorizante.

Um ser bípede, um olho, mãos de velho, sangue na parte que parecia ser a boca, um barulho horrível vindo dele, como se fosse um grunhido.

O ser encarou o louco, como no sonho de Denise, o mesmo olhar e o atacou sugando o sangue do pescoço do homem.O que se via agora era agonizante e a garota parada sem ação, não conseguia se mover.

Marcelo correu para fechar a porta e por pouco o Ser não adentrou o local.

Outro barulho.Agora estilhaços de vidros.Não era apenas um alienígena, eram vários.Alguns entraram no local e emitiam um som ensurdecedor.Todos começaram a correr e a gritar.

Denise não via mais seu irmão, os dois se perderam no meio da confusão.

Os seres estavam atacando todo mundo, ela corria tentando se salvar e achar seu único protetor, mas tudo ficava cada vez mais longe.

Ela correu em direção ao banco e ouviu passos gosmentos vindo em sua direção.Entrou no interior e havia algumas pessoas tentando abrir o cofre para se salvarem e apenas uma pessoa tinha a chave.

Do nada, surge a responsável pelo cofre e mente:

- Vamos nos salvar, eu tenho a chave.Mas só cabem 10 pessoas lá dentro.Infelizmente vou ter que dar lugar as mulheres e crianças.

As pessoas ficaram indignadas e não perceberam que haviam perdido tempo.

Outro barulho ensurdecedor, mais gritos, mais lágrimas, mais pessoas sendo atacadas.

A misteriosa mulher aproveitou a deixa pegou Denise pelo braço e outra menina a acompanhou.Mais palavras à esmo:

-Escute, essa é minha filha e nós roubamos a chave e sabemos a senha desse cofre.Por algum motivo, você foi a escolhida para fazer companhia a ela ali dentro, vou te salvar e pegar todo o dinheiro para mim, em troca você ficará calada, ok?

Ela só acenou, não sabia o que responder, naquela situação só queria se salvar, mas ainda havia seu irmão e desesperada gritou:

-Meu irmão está lá fora!Salve-o também, por favor!

Lágrimas escorriam, ela tremia.Não havia ninguém para a abraçar e dizer que ia ficar tudo bem.Era ela por ela mesmo.

Um grito, parecia o de Marcelo.

Ouvia-se tiros e pessoas implorando de todas as maneiras, como se os seres os entendessem de alguma forma.

A mulher cochichou, irritada:

-Não há mais tempo!Vocês vão entrar aí agora!

Ela pegou a chave, digitou o numero do cofre e entregou o segredo para a filha:

-Filha, venho te buscar.Vamos ficar milionárias!

Grunhidos.

A mulher empurrou as duas para dentro e a porta se fechou.

As duas meninas se entreolharam, quando realmente iam falar algo, um grito estridente se ouviu:

- Eu volto te buscar filha.Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!

Batidas na porta, sangue escorrendo para a parte de dentro.

O terror havia se instalando em tudo.Mais batidas.

Elas se sentaram em um cantinho do cofre, ficaram totalmente em silêncio.Quando estavam caindo no sono, mais batidas, dessa vez mais forte, o ser parecia maior pelo barulho estrondoso.

Denise tremia, chorava, soluçava.Não sabia se o irmão estava bem, estava com uma desconhecida e se saísse viva daquilo, faria parte de um complô de bandidas.

Mais batidas.Dessa vez foi tão forte que a porta se chocou contra a parede ao lado delas.

Só podiam ver um vulto indo em suas direções.Chegou muito perto, gritos e mais gritos até que...

Barulhos de latido.O Marcelo está puxando o edredom de Denise novamente.2 pesadelos em uma noite.Ela falou consigo mesma:

-Deve ser stress ou ansiedade.

Pegou no sono novamente.Em pouco tempo acordou de novo.

Mas o cenário estava diferente.Havia sombras na parede e podia ver o horário.4:35.Tudo havia sido um sonho.Um não, vários!Com direito a mortes de pessoas queridas.Será isso sonho ou verdade?

Não sei..

E você como chegou até aqui?