TERROR NA CABANA
Uma segunda lua-de-mel foi o que planejamentos, eu Joana e meu marido João Paulo. Passar alguns dias na cabana, tão nossa conhecida, numa região praticamente desabitada no interior do estado de Goiás. Era exatamente isso o que nós desejávamos, uns dias sozinhos, só nós dois.
De tão isolada que era a nossa casa, que não precisávamos trancar as portas. Pois não havia vizinhos nas redondezas. No hall de entrada, existia um banheiro, que ficava no andar de baixo, depois a cozinha, nos fundos da casa e no andar de cima, os quartos.
João Paulo gostava de caçar e isso me deixava inquieta, pois ficava sozinha em casa. Depois de todas as tarefas de casa feitas e depois de um belo sono. Sentei-me na cadeira de balanço predileta, e deixei-me ficar a divagar, juntamente com a brisa suave, que estava a passar. Era uma tarde de muito calor, por sinal infernal. Resolvi então terminar a manta de crochet, por sinal muito importante, pois dela dependia os longos passeios das férias a dois.
De repente paro o que estou fazendo e escuto um som baixo e aterrorizante que vem do lado, da cozinha, mais precisamente. Algo me chama a atenção, fico atenta e vou em direção ao som. O que eu vejo deixa-me paralisada. Um medo enorme se apodera de mim. A visão do homem, completamente estranho e totalmente deformado, me deixa sem fala. Os dentes podres e lábios arreganhados com um sorriso hediondo. Adentrando a cozinha e parecia que o ambiente lhe era familiar. Estava depositando a mesa às coisas que traziam consigo. Inclinou-se um pouco, enxugou a testa, fazendo um gesto peculiar de quem estava muito suado e cansado do trabalho duro. Mas isso não era o mais importante para mim, o fato era que esse camarada estava ali na minha casa, na minha cozinha.
Avancei um pouco, o mais silenciosamente que consegui, e deixei o medo de lado, precisava de um empurrãozinho para começar, dar sinal de vida, se manifestar. Parei na frente do homem, que a princípio parecia ser intimo da minha casa e indaguei. Ele se inclinou e falou com uma voz terrível, rouca e cadavérica, como se saída da boca de um defunto, calmamente, sem sequer se virar ou interromper o que estava fazendo: Eu não sabia que a casa estava habitada. Mais agora preciso resolver isso. E avançou para mim.
Eu grito, não pelo medo da deformidade do individuo, mas pelo fato dele caminhar em minha direção com loucura e maldade, nos olhos. Um ódio contido por tudo, por todo ser vivo. A boca suja parecia de sangue e com horror, constatei que escorria por todo o corpo dele.
Fico paralisada de medo. Inerte. Ele me agarra pelos cabelos e me puxa para si, dando uma gargalhada terrível. Em vão tento me desvencilhar. Aplico golpes e chutes a esmo. Porém, ele é muito forte, e tem uma força sobrenatural. Agora é a vez de gritar, mas quando abro a boca levo uma pancada tão forte na cabeça que desmaio.
E mesmo que eu tivesse conseguido gritar, quem me ouviria? O meu marido tinha ido caçar e nesta hora estava muito longe, talvez com a presa agarrada ou então a espreita dela.
Não sei quanto tempo fiquei desacordada. Sei que horas depois, acordo amarrada na cadeira da mesa de jantar, totalmente imobilizada e amordaçada. Minha cabeça não pode se movimentar para nenhum lado, apenas meus olhos se mexem e olham ao redor, apavorados.
Tento mais uma vez, soltar as mãos inutilmente, me livrar das cordas, mais o que eu consigo é se machucar ainda mais, nos pulsos, e, não consigo mover um milímetro. Não sei quantas horas se passaram, só sei que o desconforto aos poucos fica maior e mais intenso. Impossível. Estou em uma posição bastante desconfortável e sem nenhuma chance de se mexer ou se soltar. Pelo pouco que posso ver, parece que eu estou sozinha com o invasor da casa da cabana. Só depois de algum tempo, quando a minha visão que estava turva, se torna nítida e que eu reconheço o meu marido. Ele estava todo o momento ao meu lado, ou melhor, o que restou dele, arrumado cuidadosamente em sua poltrona preferida. Totalmente desfigurado pelos golpes que o invasor lhe havia aplicado.
Nesse momento eu penso. Morri.
Depois de algum tempo, ambos os corpos foram encontrados em avançado estado de decomposição, por um caçador que se aventurava pelas pastagens. O pior era que nada havia sido roubado e a polícia até hoje não tem pistas do assassino e nem do motivo que levou ao crime tão brutal.”
Era um casal feliz e não tinham inimigos. Deixando 03 filhos órfãos.
Isso é uma realidade de vida. Pessoas honestas e trabalhadoras, que queriam viver e curtir a vida. Não se sabe de onde e nem porque, vem um assassino frio e calculista, dar um fim as suas vidas, de casal de amantes. Tudo porque eles queriam passar uma segunda lua de mel na casa da cabana. Viver uma felicidade.
O melhor é que nem a morte os separou.
TARTAY/Março-2011