Noite de lua cheia
A noite daquela cidade era fria, ainda que a lua cheia iluminasse a rua, as sombras continuavam a me seguir. O bar não era nada convidativo, pelo contrário, me dava calafrios, mas não iria voltar, nem cogitava essa possibilidade, pois o motivo de eu estar naquele lugar era somente seu calor, a saudade alimentava o desejo de vê-lo, de estar com ele, não deixaria qualquer coisinha me impedir.
Apesar de tudo, não foi o ambiente que me fez gelar e sim o fato de ele não se encontrar onde me prometera. Lá dentro, o que eu ouvia não era nada mais do que um chiado de uma tv, mal conseguia enxergar qualquer coisa, só o fato de ele nem ninguém mais estar ali atiçou a minha imaginação. Passei a me sentir vulnerável, quando voltei para a rua, esperava ver a luz do luar, porém as nuvens tomaram seu lugar e a escuridão reinou. Respirei fundo, peguei meu celular e tentei fazer uma ligação, sem sinal, sem sucesso, restava tentar usá-lo como lanterna.
Não via movimento algum por aqueles cantos, na verdade, fazia certo tempo que não passava ninguém, nenhuma alminha sequer, boa ou má. Não tinha outra opção senão seguir caminhando. Até que o silêncio foi quebrado e o céu ligeiramente iluminado, uma tempestade passou a tomar forma, meus desespero também à medida que crescia. Ouvi um barulho e ao me virar pude ver um vulto rápido e sombrio na chuva que caia, meu coração disparou, obedeci ao impulso de correr. Não conseguia distinguir muita coisa pelo caminho, os trovões me davam flashes de visão sobre o que poderia estar por vir e com a tempestade sobre mim, mais ofegante ficava a cada segundo.
Olhei para trás e por um momento cheguei a fechar os olhos, foi quando esbarrei nele, pude sentir seu abraço caloroso, com a força que me restava, o retribui, não quis soltá-lo e assim a tempestade foi se acalmando enquanto em seus braços eu me encontrava.