O assassino e o caminhoneiro

A estrada não estava menos escura que nos outros dias. Incrivelmente ela estava mais limpa, era um dia calmo, poucos estavam passeando pelas ruas desertas do mundo onde não se encontram corujas, porque elas são espertas demais para não degradarem sua vida dentro de um caminhão imundo, todos os dias. O combustível estava acabado. Precisava de parar naquele posto de novo. Apenas lá havia os amigos que forneceriam a droga do não sono. É, era totalmente o oposto daqueles das festas que os homens querem estuprar. O estupro é ao próprio cérebro, rompendo suas barreiras psíquicas a ponto de não suportar mais o peso dos próprios ossos, que era apenas o que restava.

O corpo se cansara com anos de caminhada matinal e noturna, matinal e noturna, hoje a tarde, amanha de manhã, sempre sempre. Não havia um rumo nessa vida agitada de monotonia constante. O som tocava um sertanejo ao estilo antigo, muita viola e violão, muita viagem e pouco violão.

Só colocava as mãos por dentro das calças às vezes, mas era o volante seu maior amigo.

_ Rebite?

_ Claro, quantos?

_ Dez, vou demorar a achar outro ponto.

_ Na hora.

Que delícia, incomparável a sensação.

Sobre o efeito, tinha a visão de uma águia, mas o corpo... o corpo. A mulher, olhe a mulher, desvia, vira,rebite voa, chaveiros voam, a chave voa, a visão foge. A mulher volta e o tira do caminhão, pressiona seu pulmão para respirar, não tinha conhecimentos médicos nem de emergência. Enquanto tentava inutilmente, ele abriu os olhos pacientemente, levantou-se sem olhá-la e foi direto ao caminhão. Ele estava arranhado, com umas partes quebradas, sua caçamba de madeira estava levemente destruída encostada ao chão. E uma lágrima desabrochou de seu olho esquerdo. Reparou nos trapos da mulher, uma roupa azul cheia de remendos, uma estampa de bolinhas.

_ O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO NO MEIO DA ESTRADA A ESSAS HORAS DA MADRUGADA? VOCÊ TEM ALGUM DISTÚRBIO?

_ Eu procurava ajuda e resolvi ficar no meio da estrada para alguém me enxergar.

_ Fez bem, eu te enxerguei e não te matei né, objetivo alcançado, agora ele está machucado e você: viva e com essa cara pálida de fantasma. Muito bom, muito bom...

_ Não foi minha intenção, minha comunidade espera por mim, o assassino ainda está a solta

_ Lógico, você está aqui!

_ Exato, eu preciso voltar.

_ Como é burra e ingênua, você matou... _conteve-se.

_ Você pode nos ajudar?

_ Ah, já está tudo estrupiado mesmo, não vai me atrapalhar muito mais, mas te mde ser rápido, minha carga tem espera.

_ Claro, claro, o que você deve fazer é apenas pegar o assassino e ele ataca o tempo tod, quando alguém gritar eu vou te mostrar onde você deve ir e será fácil contê-lo

_falando parece ser fácil, vamos logo, e lá eu vou usar de um telefone para me ajudarem a levantar essa carroça. Só uma pergunta, qual é o seu nome?

_ Asban Fatom.

“Então, a situação já está estranha demais para comentar um nome desses”, ele pensou.

Chegaram até um vilarejo bem simples, com algumas casas, uma igreja e uma prisão, pequena e modesta. Sabia que lá jogaria o problemático.

Um grito.

_ Corre, é naquela casa.

Onde o dedo apontou, ele correu aos tropeços, abriu a porta e estava sentado um homem com uma barba longa e escura, um cachimbo na mão direita e na outra, um lenço femininio com as iniciais A.F. marcadas. Seu rosto ainda tinha resto de sangue, sua calças estavam amarronzadas num tom diferente. Era o puro sangue.

_ Chegou tarde, mas eu não iria escapar dela um dia mesmo, pode me levar, e não precisa me machucar, sei para onde vou.

Ele ergueu os punhos juntos e foi levado até a delegacia, onde foi enjaulado.

_ Como você sabia que ele estava lá?

_ Uma mulher me disse, estava no meio da estrada e me pediu ajuda do pior jeito possível. Uma tal de Alban...

_ Asban?

_ ISSO, esse nome tosco mesmo.

_ Ela voltou, como tinha escrito na carta. Leia essa carta que você estenderá _ passou-lhe uma carta recém escrita

“Eu sei que meu marido vai me matar e eu vou voltar para me vingar por todas aquelas a quem ele ameaçou e matou, não consigo pará-lo enquanto viva, apenas com a morte estarei livre para livrar aquelas presas nas garras de um monstro cruel como ele. Hoje morrerei para viverem. Aquele que será o escolhido, será um homem do bem e não terá ódio no coração, o fará pela minha suplica

Asban Fatom.”

Saiu correndo enquanto era tempo, quando chegou ao caminhão, estava intacto e com um lenço preso à porta com a inscrição em sangue: me desculpe.

Gustavo Newway
Enviado por Gustavo Newway em 08/03/2011
Código do texto: T2835545