Meu filho, não beba!

Do banco onde Johnny estava sentando, podia-se se ouvir todo o alvoroço das noites porto alegrenses. Carros buzinando ou com música alta, a sirene de alguma ambulância indo de encontro a um acidente. Uma noite comum.

Embora com diversos hematomas, que variam de pequenos cortes em sua face, até uma possível luxação em sua mão esquerda, Johnny tentava lembrar como o acidente havia ocorrido.

Em sua mente vinham os avisos de sua mãe sobre bebidas, responsabilidades e todas aquelas baboseiras usadas por mães desde que se têm catorze anos. E disso, ele tinha orgulho. A única vez que bebera além da conta, fora quanto completou dezesseis anos e saiu à noite com os amigos para comemorar. Fora isso, orgulhava-se de ser um filho exemplar, sabia virar-se sozinho, nunca dependera dos outros, e era um aluno acima da média.

Fechou os olhos, reclinou a cabeça contra a parede ( o que causou uma grande dor em seu pescoço) e respirou fundo. A final, a culpa era sua, ao menos parte dela.

Estavam ele e Michele, aproximando da esquina do shopping Center que estava sendo construído ( cujo nome não conseguia lembrar). Em sua mão uma lata de cerveja, a quarta, a qual vinha dividindo desde a sua casa com a garota. Ela era fantástica. Nesse dia usava um vestido preto, que acentuava todas as suas curvas definidas por meses de academia. Seus cabelos negros caiam por seus ombros, da maneira mais sensual possível. No entanto, se aquele vestido preservava uma seriedade erótica, seu sorriso e seus atos revelavam uma garota extravagante e extrovertida. Ela dissera que não podia esperar, colocou uma daquelas balinhas (como ela mesmo chamava) na boca e bebeu um gole de vodka que havia trazido.

Johnny sorriu para ela, pegou a garrafa de sua mão para beber.

Após isso, lembrava-se apenas do barulho de freios, e de ter visto outro carro vindo em sua direção.

Tentou dizer a si mesmo que não era o culpado, que não fora ele que cortou o sinal vermelho, mas no fundo, sabia que se estivesse completamente sóbrio e prestando atenção poderia ter evitado aquilo. Toda aquela baboseira fazia mais sentido agora.

De longe, enxergava o médico saindo de uma das salas de cirurgia. Levantou-se e foi em direção a saída.

Johnny já sabia qual era a má noticia.

Dionatan Cordova
Enviado por Dionatan Cordova em 29/01/2011
Código do texto: T2758676
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