AS APARÊNCIAS ENGANAM

Numa noite chuvosa, João nadava pelas ruas da cidade em direção a sua casa, algo rotineiro para ele, pois tinha o costume de ficar em sua empresa até mais tarde quase todos os dias, o que dificultava sua vida amorosa ou sua relação com a família.

Nesta noite, porém algo diferente aconteceu, em seu trajeto ao passar por um beco escuro viu de relance uma mulher ser atacada por um homem com o rosto deformado.

Um susto em meio a uma noite aparentemente tranqüila, em meio à agitação inicial João sem pensar muito decidiu atacar o deformado, dando lhe um golpe no rosto o afastou da mulher indefesa, o que parece ter lhe irritado, pois o deformado lhe devolveu um golpe tão forte como o primeiro lhe fazendo desequilibrar e derrubar sua carteira.

Más a briga não parou por aí com um pedaço de madeira encontrado no chão João conseguiu derrubar seu inimigo. Porém João sabia que isso não iria pará-lo por muito tempo, por isso fugiu de forma veloz com a garota que havia ajudado, seu destino era seu apartamento.

Ainda no beco escuro um vulto se levantou e apanhou uma carteira no chão, seu destino era incerto, mas logo ele iria encontrar o que procurava.

Somente depois de chegar ao seu apartamento João se lembrou de perguntar o nome de sua visita, afinal tudo aquilo parecia um filme para ele.

Antes se apresentar ele reparou o quanto sua hospede era bonita, ela tinha cabelos longos e negros, olhos cor de mel, seu corpo também não deixava a desejar.

Meu nome é João, disse ele a moça que tentava se acostumar com o novo ambiente, a meu nome é Sofia respondeu ela.

Muito bem Sofia, será que você pode me explicar o que está acontecendo? Perguntou João sem entender nada. - Aquele homem já foi meu amado marido com fui muito feliz, Paulo, respondeu ela com ar de tristeza, continuou: no começo ele me tratava muito bem, pode-se dizer como uma rainha.

Ainda mais quando descobriu que eu estava grávida, seu maior sonho era ser pai. Mas quando o bebê nasceu Paulo começou a ficar estranho, não demonstrava amor ao nosso filho, pouco tempo depois ele revelou que desconfiava que o bebê não fosse seu filho. Fiquei revoltada com sua desconfiança, afinal sempre fui muito fiel a Paulo, mesmo assim ele me ameaçou dizendo que ia descobrir quem era meu amante e iria acabar com minha vida.

Fiquei em choque, como uma pessoa podia mudar de maneira tão rápida, mas para minha surpresa ele falou a verdade sobre acabar com minha vida, ele começou a fazer isso matando nosso bebê, depois foi à vez de nosso melhor amigo desde então eu venho fugindo dele, mas agora muito tempo depois de todo o acontecido, ele está atrás de mim, e vai fazer o que for preciso para me matar também.

Bem você pode ficar aqui o tempo que desejar, disse João, mas nossa noite já foi muito agitada por isso precisamos descansar. Antes de dormir João alimentou seu melhor amigo o Thor, um cão da raça lavrador.

No outro dia bem cedo, João preparou o café da manhã e saiu para o trabalho como de costume, trabalhou novamente até tarde da noite, mas desta vez passou seu dia com um desejo incomum de ir para casa, na verdade ele estava ansioso de rever Sofia. Já fazia muito tempo que João não tinha companhia feminina em sua casa. Assim fez o trajeto para sua casa de maneira muito rápida, não queria perder um mínimo com Sofia, conhecê-la melhor e deixá-la conhecê-lo também.

Quando chegou em casa João teve uma surpresa, a casa estava toda bagunçada e Sofia não estava lá. Ao vasculhar a casa com mais atenção ele teve uma visão que lhe embrulhou o estomago, viu a cabeça decepada de seu melhor amigo Thor.

João ainda não havia se recuperado do choque quando percebeu que alguém o observava se virou e teve a sensação de surpresa novamente, na sua sala estava Paulo o homem da cicatriz.

João se lembrou então de tudo que Sofia havia lhe contado, ele sabia que o assassino de seu cão era aquele homem, e que o próximo a morrer seria ele.

Assim mesmo muito nervoso João se colocou em ataque contra Paulo que apenas revidou lhe dando golpe na cabeça o que abriu um corte, logo em seguida Paulo repetiu o golpe deixando João inconsciente. Agora João estava em suas mãos.

João tentava se soltar das amarras que o prendiam ao chão, já não sabia há quanto tempo estava tentando fugir, quem dirá de há quanto tempo esteve amarrado ali. Então João começou a ouvir passos, será que alguém vem me ajudar? Ele se perguntava, ou será que era Paulo voltando para terminar seu serviço. João logo teve a resposta quando viu seu inimigo voltar, trazendo consigo uma pequena maleta.

Paulo fez questão de abrir sua maleta na frente de João. Dentro dela João pode ver vários objetos como bisturis de vários tamanhos, e varias agulhas.

João começou a se assustar, ele havia acabado de entender o que ia acontecer, ele iria ser torturado e morto. Assim João começou a implorar misericórdia pelo que estava por vir, mas Paulo não dizia uma palavra. Cansado de implorar João fez apenas um pedido, o de que sua morte fosse rápida. Mas a reação de Paulo o surpreendeu, ao ouvir seu pedido Paulo começou a rir mais e mais até começar a gargalhar, e depois de se recompor respondeu: eu só vou te matar depois de nos divertirmos um pouco, com isso pegou algumas agulhas e começou a penetrá-las nas unhas de João, depois de fazê-lo sofrer muito, Paulo deu um ultimo golpe, lhe enfiou um bisturi na altura do rim.

Com o susto João acordou de seu pesadelo, ele estava caído no chão de seu apartamento, apesar de tudo não ter passado de um sonho ele ainda sentia dores nas unhas.

Ao vasculhar o apartamento em busca de Paulo, ele imaginou que Paulo já havia fugido. Então João decidiu procurar por Sofia, pois ela poderia estar correndo perigo. Pegou suas chaves e trancou o apartamento, mas ao guardar a chave no bolso encontrou um papel, ele dizia cuidado com. - antes de terminar de ler Sofia apareceu subitamente e o abraçou se mostrando feliz de reencontrá-lo, com a surpresa de encontrá-la tão rápido ele até se esqueceu de terminar de ler o bilhete.

Onde você estava, perguntou João, Sofia respondeu que ao ver Paulo chegar ela teve muito medo e decidiu fugir e não teve tempo de salvar Thor.

João percebeu que era muito perigoso continuar ali, por isso decidiu pedir abrigo para sua família, isso seria muito difícil, pois fazia muito tempo que não falava com seu pai e seu irmão a única família que lhe sobrava.

Alguns anos antes João havia tido uma briga muito feia, porque depois da morte de sua mãe ele não queria mais viver em sua cidade natal Mauá, pois isso lhe trazia muitas recordações de sua mãe, inclusive sua trágica morte nos desabamentos na cidade.

De qualquer forma estava resolvido ele estava indo para Mauá. Ao chegar sentiu a estranha sensação de estar em casa, e estava ali era o lugar onde João havia crescido junto dos pais.

Infelizmente sua recepção não foi muito calorosa, seu pai sequer sauí para recebê-lo, quem o recebeu foi seu irmão com o amor de sempre, logo o convidou pára entrar e tomar um lanche.

Durante a refeição seu irmão perguntou quanto tempo iria ficar João sem querer dar muitos detalhes disse estar a passeio, mas ficaria certo tempo.

João se deu conta que todo esse tempo ele não sabia quase nada de sua acompanhante Sofia. Sofia há quanto tempo você foge do Paulo?

Com ar de pesar Sofia respondeu: há muito tempo, mais de cinco anos. E durante esses cinco anos você não se envolveu com mais ninguém? A triste verdade é essa não me relaciono com ninguém durante todo esse tempo, a pessoa mais próxima de mim é você.

João contou a Sofia sobre sua vida, como ele sai de casa para tentar sorte na capital, e como ele conseguiu estudar e subir na vida pelo menos um pouco, também admitiu não se envolver com alguém a um bom tempo.

Aquela noite João foi dormir pensando em Sofia, e como ela era linda. Se imaginou namorando com ela, se casando, e até tendo filhos. No meio da noite João acordou assustado ele ouvia uma discussão, para sua surpresa era Paulo e Sofia quem discutiam.

Paulo dizia que era hora de Sofia pagar por tudo que ela havia feito a ele, e Sofia apenas gargalhava. No meio da discussão João achou melhor aguardar para entende o que acontecia. Paulo continuou dizendo: você arruinou minha vida, com todas aquelas drogas que você aplicava em mim, os jogos e a tortura, eu já não sabia o que era real. Mas a gota d'água foi assassinar nosso filho e nosso melhor amigo e jogar a culpa em mim.

Você sabe o que fazem com assassinos de crianças na cadeia?

Essa cicatriz foi à parte menos dolorosa de minha estadia lá. Mas agora você vai experimentar um pouco da minha dor. Antes de dar o primeiro passo em direção a Sofia, Paulo levou um tiro no meio do peito. Sofia se aproximou dele e disse pelo visto esse silenciador funciona mesmo, de qualquer forma seu tempo comigo acabou agora eu tenho um novo brinquedo e em breve vou começar a brincar com ele e sua família, agora eu vou sair e pegar uma pá se você tiver sorte vai morrer antes de eu te enterrar.

Ao ver Sofia saindo da sala João correu ao encontro de Paulo na esperança de entender melhor o que havia acabado de ver. Paulo agonizava no chão, mas pode ver João se aproximar, com muito esforço me disse tentei te avisar, mas você não me deu ouvidos.

Você tentou me avisar? Que eu me lembre você estava tentando me matar. Não, respondeu Paulo, se eu estivesse tentando te matar você estaria morto. Pelo contrario, eu te deixei até um bilhete dizendo do que ela é capaz.

Paulo foi ficando cada vez mais fraco, ele disse cara foge com a sua família antes que ela volte, ela é mais perigosa do que você imagina, eu fiquei cinco anos preso por causa dela, com isso ele suspirou e morreu.

João correu para o quarto de seu pai, mas ele estava sedado, foi também ao quarto do irmão só pra ver que ele também estava sedado.

Ao tentar sair do quarto, levou um choque de um beliscão elétrico de Sofia que disse vai a algum lugar?

Ao acordar estava novamente preso agora numa grande mesa fria, e ouviu uma voz familiar dizer a já que você esta acordado vamos brincar, primeiro Sofia voltou e colocar agulhas entre as unhas de João que agora sabia que isso não era um sonho. Depois pregou dois pregos, um em cada perna de João, e neles prenderam fios elétricos ligados a uma tomada 220 volts.

João ficava cada vez mais fraco, mas para seu desespero a tortura só piorava. Sofia lhe deu um descanso, enquanto dizia que aquilo era só o começo. João perguntou então o porquê daquilo tudo. Sofia se divertia ao ver sua aflição, mas começou a falar: a essa é a parte que explico que faço isso porque era abusada pelos meus pais, e ainda mais eu era tortura.

João pergunta se aquilo era verdade, mas só resulta uma gargalhada. É tudo mentira disse ela, eu faço isso porque gosto de brincar com a vida dos outros.

Então com um pedaço de brasa Sofia cegou-lhe os dois olhos, e disse que só iria preservar sua vida por gostava dele como brinquedo, mas era para ele ter certeza que eles ainda brincariam muito.

Até mais disse ela, eu vou cuidar muito bem de seu pai e seu irmão, a com respeito ao Paulo a culpa da morte dele é sua.

Ninguém nunca descobriu o que aconteceu com João ou com sua família.

Numa noite chuvosa um homem viu uma mulher ser atacada, e decidiu ajuda-la, mas é melhor pensar bem pois as aparências enganam.

lazzarhus
Enviado por lazzarhus em 24/01/2011
Reeditado em 01/02/2011
Código do texto: T2748689