Uma misteriosa noite de inverno

(Apenas um conto despretensioso)

Já era tarde e ventava. Desconheço o momento exato, mas toda a vizinhança já estava silenciosa, e não passavam carros pela rua. Naquela escura noite de inverno, fazia muito frio, e o céu, negro, anunciava uma grande tempestade. Em uma das casas, estavam Carlos e Maria Alice, sentados na sala, conversando à luz de velas, pois a energia já havia terminado.

Quando, de repente e ao mesmo tempo, bateram às portas: à da entrada e à da cozinha, que dava para o quintal, que, por sua vez, fazia fronteira com um terreno abandonado, à direita da casa. O casal se olhou assustado, afinal quem – ou o quê – poderia ser numa noite como aquela?

O silêncio se tornou ainda mais profundo. Às pressas e tomado por uma súbita coragem, Carlos correu em direção à porta dos fundos e, sem que a abrisse, perguntou quem era. Entretanto, somente se ouvia o sopro sinistro do vento. Permaneceu ele algum tempo à espreita, mas tudo parecia ter sido somente um grande susto. Ao final, riu-se de si próprio.

Carlos, então, voltou à sala. Lá, deparou-se com a mais terrível cena à qual já assistira em toda sua vida: viu o corpo de sua mulher ensangüentado, já gelado, sem respiração, com cortes profundos na cabeça. Ajoelhou-se, na tentativa de socorrê-la, e logo sentiu a presença de uma terceira pessoa. Virou-se. Seus olhos nada viram, a não ser um vulto negro e um vento gelado. Caiu Carlos, já sem pulsos, sobre o cadáver de Maria Alice.

No dia seguinte, todos saíam de suas residências para noticiar o fato ocorrido. Analisando o local do crime, constatou-se que a porta da frente fora arrombada e que tinha sido por ela que o assassino entrou. Ao abrir a porta dos fundos, viram apenas alguns galhos, que haviam caído da árvore do terreno baldio, ao lado da casa, talvez graças à ação do vento.

Contudo, nada foi encontrado: pistas, testemunhas, motivos, suspeitos, nada! E o crime daquela misteriosa noite de inverno, até hoje, nunca foi esclarecido. Seria algo sobrenatural, alma do outro mundo ou coisa parecida?

Dan Niel
Enviado por Dan Niel em 21/01/2011
Reeditado em 21/01/2011
Código do texto: T2743734
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