Vermelho Sangue
A vista era a mesma para todos que a olhavam. As ondas do mar batendo nos rochedos, indo e vindo molhando as areias da praia. O sol no expoente ao contrario da nascente, partindo para o outro lado do mundo, onde nascerá num novo amanhecer. Deixando o vazio exato para a lua chegar brilhando, e beijando a águas do gigante colosso.
Os primeiros notívagos começam a dar o ar da graça, nos bares e nas praças. E como todos que vê, ela vê também a maré, porém numa outra óptica. A simetria da semântica, contabilizando os minutos que leva uma onda para ir e vir. Ela nunca na vida pensou que um dia as contariam! Mas, ela as contava, e no intervalo das ondas ela suspirava, deixando cair às lágrimas. De arrependimento. Talvez, quem sabe de alegria, ou, pode ser de medo.
Arrependida pela fraqueza que arrebatou seu coração, e a fez forte para agir e surpreender a si mesma com sua decisão. De não mais sofrer. Alegre por ter a certeza de que não passará mais pelas dores que por tantas vezes a fizera chorar. Medo em saber que tudo poderá ter sido em vão para muitos o seu ato. A vista noturna do Farol da Barra é linda para quem a vislumbre. No entanto aquele corpo solto no ar caindo foi arrepiante!
Mais horripilante ainda foram os gritos histérico das pessoas que outrora, assim como ela contemplava a bela paisagem. Mas somente eles a viram esparramar pelo chão arenoso da praia o tingindo de vermelho sangue. Marcando o fim de uma vida que num futuro breve poderia mudar. Pois seu algoz que lhe surrava as carnes acabara de ser morto numa briga de bar.