Impunidade

Sofri muito ao longo desse ano. Perdi muitas pessoas que amo... Aliás, especificamente cinco: meu marido, meus pais e meus dois filhos.

Não só eu sofri, mas muitas pessoas

Janeiro desse ano... Tinha saído pra fazer compras e então me deparei com meu marido com uma faca cravada no seu peito, deitado numa cama de motel ali perto do shopping.

Confesso que foi muito difícil ficar sem ele! Sua companhia, as noites inesquecíveis de seu amor, sua compreensão...

Já um pouco mais recomposta do meu estado, em março fui surpreendida novamente... No dia do meu aniversário fui à casa da minha mãe visitá-la e a encontrei morta. Segundo laudo da Polícia local ela morreu com um tiro na fronte, também disseram que quando cheguei, ela tinha acabado de ser morta! Como conviver com essa culpa se não a matei?

... Sete de Abril desse ano: Estava em casa cozinhando como toda mulher faz e Michelle foi ao meu quarto sem me dizer, claro, mas sabia que queria algo!

Fui até o quarto surpreendê-la, mas acabei surpreendida... Encontrei seu corpo debruçado na janela com uma foto do seu ex-namorado. Morreu enforcada por alguém... - Quem é alguém? É a pergunta que me faço todos os dias! Morreu tão jovem, tinha apenas 15 anos...

Ah... As investigações não andam e essa louca espera me corrói e desfaz por dentro... O sentimento de nojo e raiva que tenho é tão grande que a essa altura me tornaria uma assassina se mais algum fato sucedesse.

Estou tão traumatizada que até analista e psicólogo estou freqüentando... Mas pelo menos já há 2 meses que nada acontece, literalmente!

Rezava pra não perder mais ninguém, mas de nada adiantou!

... Vinte e oito de Julho! Todos haviam saído de casa, só eu estava lá sozinha, meditando, pensando: - Qual a motivação do tempo levar as pessoas que a gente ama?... Alguns instantes depois o telefone tocou. Achei que fosse Ralph com saudades. Estamos namorando há 3 semanas aproximadamente...

Era a Polícia ligando dizendo que o corpo de um jovem tinha sido encontrado no banheiro de uma balada... Eu fiquei gélida ao saber da possibilidade. Tentei chamar Ralph, mas não estava em casa.

Segui para o endereço dado e lá vi meu filho estatelado no chão daquele banheiro nojento. Seu rosto estava desfigurado, quase não consegui o reconhecer quando o vi... E uma semana depois encontrei meu pai na cozinha da minha casa envenenado por alguma substância que a Polícia ainda não conseguiu detectar o que é...

Ver todos os meus parentes mais próximos mortos... Um envenenado, um enforcado, dois esfaqueados, morte a tiro...

Cinco meses depois...

Já um pouco recuperada dos golpes que levei, estou hoje me casando pela segunda vez... Escolhi uma data bem especial... 31 de Dezembro. Final do ano, tudo novo...

...

- Sabe que tenho 4 meses dos quais gosto muito!

- Você é muito misterioso...

No outro dia...

- Café da manhã pra você!

...

- Matei você!

Paulo Ricardo Pacheco
Enviado por Paulo Ricardo Pacheco em 31/12/2010
Reeditado em 31/12/2010
Código do texto: T2701226
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