O JARDIM DO AMANHÃ - Cap. VII - Final
Capítulo VII
Descoberta sinistra
A quele homem me parecia conhecido, forcei pela memória na tentativa de reconhecê-lo. Sim, sei quem era ele, já o vi algumas vezes na televisão a uns dois anos atrás. Era um geneticista famoso que apareceu com idéias pouco ortodoxas e foi bombardeado pelos seus colegas cientistas, sumindo depois disso do cenário científico.
Pelo visto ele estava trabalhando escondido das autoridades, que o resultado do seu trabalho esbarraria nos códigos de ética e feriria os dogmas há muito tempo aceitos pelos homens.
Fui interrompido das minhas divagações por aquela voz rouca:
— Admiro pessoas como o senhor, curiosas e determinadas a absorver o máximo de tudo a sua volta, eu sou assim. É por isso que eu vou lhe contar tudo que quiser saber, se bem que não lhe servirá para nada tal conhecimento. Como pode ver, isto tudo aqui foi financiado por um grupo grande de empresas estrangeiras das áreas farmacêutica, alimentícia e laboratórios de pesquisas avançadas. Meu orgulho está não na coordenação do processo produtivo, mas sim do conceito, da idéia. Esta sim me pertence e não a esses estrangeiros. O governo corrupto como o nosso é passível de ser comprado caso necessário, mas isso estamos adiando o máximo possível. Nosso maior inimigo é a opinião pública e a imprensa, estes sim podem nos destruir.
Aquela explanação somente aguçou minha curiosidade, mas mesmo assim eu continuava a tentar achar um meio de sair daquela enrascada.
— Toda essa estrutura existe com o único propósito do lucro segundo as entidades que bancam os gastos iniciais de instalação. Eu, por outro lado viso a penas a pesquisa pura, da busca da vida! — Ele disse essas palavras com os olhos de um lunático que sem dúvida era. E prosseguiu:
— Para atingir meus objetivos tenho que conviver com esse “mercado negro” que movimenta milhões de dólares todo o mês.
Fiquei ouvindo aquelas declarações enquanto meu ódio para som aquele sujeito crescia cada vez mais.
— Vocês têm que parar com isso! Gritei.
— Ora, mais que houve com aquele homem curioso que se esgueirou pelo escuro em busca de respostas às suas dúvidas? Não me decepcione com essa perda de interesse pela estória que estou lhe contando!
Para ganhar tempo na busca por uma solução ao meu problema, concordei dizendo:
— É, você tem razão, de que adianta passar por tanta dificuldade e ficar sem saber de toda a verdade. Prossiga por favor!
Essas palavras tiveram um efeito estimulante no meu oponente que visivelmente estufou o peito e começou a narrar para mim os detalhes da tal “produção” que era feita ali.
— O processo posso descreve-lo de maneira bem simplificada para que o senhor possa entender. Os corpos (alguns) são expostos a um coquetel de produtos químicos, são os banhos que você viu lá na sala de preparação. Ao mesmo tempo, são expostos a uma série de emissões de ondas eletromagnéticas de profunda penetração que provocam a produção de células vivas entre as células mortas do corpo, e estas vão substituindo-as e ao mesmo tempo utilizando a “carcaça” morta como estrutura onde as células são cultivadas.
Ao término de um período de mais ou menos um ano, existe um corpo inteiro reconstituído, saudável com tudo no lugar e funcionando. A única coisa que falta a esse corpo é o que se pode chamar de “alma” que lhe conferisse vida como nós a entendemos. Pode-se dizer que provocamos um câncer generalizado em todos os órgãos, tecidos, líquidos e ossos no corpo e isso é possível por que esse corpo está morto!!
Para se ter sucesso no processo o cadáver não pode ter falecido antes de vinte e quatro horas e nem apresentar qualquer traço de atividade metabólica.
Após esse ciclo, os corpos são abertos e os órgãos comercializáveis são colhidos para transplante.
O restante não aproveitado para transplante é utilizado para a produção de ração animal de alto teor de proteína, produtos farmacêuticos, cosméticos e alguns produtos utilizáveis nas industrias de alimentos.
Tudo isso paga em pouco tempo o investimento nas instalações e contratação de pessoal especializado.
Depois de ouvir aqueles segredos revelados, percebi a dimensão dessa empreitada, assustadora sem dúvida.
Ocorreu-me fazer uma pergunta ao meu captor:
— Como é possível ter tanta gente envolvida num processo ilícito como esse e não ter ocorrido o vazamento de informação? Perguntei com real interesse.
Então, calmamente o homem de preto começou a falar:
— A fidelidade de nossos colaboradores se deve a uma ajudinha psicológica promovida pela empresa promotora dos funerais. Os candidatos às vagas no Jardim do Amanhã são selecionados e encaminhados para “testes” psicológicos onde os programas de fidelização são aplicados e em duas seções o candidato estará pronto para uma vaga da qual ele daria a vida para mantê-la em segredo até mesmo das pessoas mais queridas.
Nada pode faze-lo mudar de opinião e aqueles que o programa não consegue sugestionar com sucesso, entra em ação a fase dois do programa que gera confusão mental permanente no indivíduo começando por causar amnésia total dos fatos vividos nos últimos dois meses, piorando a cada tentativa de se lembrar de alguma coisa. É garantido, portanto até mesmo contra hipnose regressiva.
Quando ele terminou de contar tal fato, percebi qual seria o meu destino e da minha família. Iriam nos fazer uma lavagem cerebral nos tornando idiotas.
Prosseguindo com seu discurso tive essa minha suspeita confirmada, pois nesse instante entraram na sala dois enormes seguranças armados enquanto o sujeito me dirigia a palavra novamente:
— Bem, agora que o senhor já conhece todos os nossos segredos não poderá ir embora simplesmente. Vamos até onde está seu garoto e depois daremos um pulinho no departamento de psiquiatria.
Tomado de pânico tentei investir contra os seguranças e cheguei a derrubar um deles, mas fui subjugado pela desvantagem de forças.
— Não se preocupe, você vai se tornar o meu colaborador, iremos apenas dar uma ajeitada nos seus pensamentos para que possam nos servir. Ah! os seus também receberão o tratamento para não haver possibilidade de que eles venham a interferir ao seu desempenho.
Saímos da sala de controle e passamos por vários corredores até chegarmos no departamento de psiquiatria. Lá estava meu filho na companhia de uma bela mulher com quem ele conversava animadamente como se fossem velhos amigos.
Quando ele me viu, saiu correndo em minha direção, me abraçou e disse:
— Papai! É muito legal seu novo trabalho, quero vir todo dia aqui com você!
Gelei naquele instante. Será que já haviam feito alguma coisa com a mente sele? Para meu consolo, percebi que não, ele estava expressando realmente a sua vontade, afinal para um garoto aquele lugar mais parecia uma cena de filme futurístico e isso o encantava na sua ignorância do que se passava ali. Nesse lugar havia vários equipamentos estranhos que com certeza eram desconhecidos dos outros profissionais de psiquiatria.
Meu filho foi junto da mulher e percebi que estavam brincando num dos computadores, provavelmente estavam jogando alguma coisa. Fui tirado de minhas reflexões:
— Como pode ver Sr. Alberto, tudo aqui está baseado na mais alta tecnologia, não há por que temer tanto. Não vai doer nada posso lhe garantir. Nesse instante sua esposa está sendo trazida para cá, ela está sedada, mas não tema, pois não foi usado de violência.
Essa medida só se tornou necessária por que ela, tal qual o senhor é uma pessoa bastante desconfiada e não cairia em qualquer estória que tentássemos inventar.
Fui encaminhado para a sala ao lado e me disseram para esperar. Ficamos ali por um período não maior que trinta minutos até que outros dois seguranças trouxeram minha esposa. Ela estava realmente dopada, sem reação e foi deitada num leito sob uma aparelhagem estranha que seria utilizada no tratamento a que seríamos submetidos.
Verifiquei que ela apesar de desacordada não apresentava nem um sinal de que houvesse reagido, tinha sido apanhada de surpresa.
Agora estavam ali as pessoas que eu mais amava, eles iriam sofrer as conseqüências de meus atos impulsivos, que monstro eu havia me tornado! Será que haveria uma saída?
— Vamos esperar que ela acorde e esteja lúcida. - Disse nosso algoz.- O tratamento só é possível assim, portanto esperemos até que ela esteja pronta!.
Passados mais ou menos duas horas minha esposa já acordara e estava horrorizada com o resumo de toda a estória que eu lhe contei. Não tive coragem de lhe dizer que o nosso filho também estava ali.
— Muito bem, chame o doutor Anderson, acho que já podemos começar os preparativos. – Disse o homem a um dos seguranças. Ele saiu da sala e ficamos nós ali à espera, minha esposa começava a chorar temendo o nosso futuro.
Capítulo VIII
Final feliz
T odos nós fomos pegos de surpresa e ficamos apenas olhando a cena que nesse instante se desenrolava aos nossos olhos.
De repente a porta foi aberta violentamente como se alguém tivesse dado um pontapé nela. O segurança que estava de costas para ela para impedir a passagem nem teve tempo de reação.
Com o barulho de móveis sendo atingidos pelo seu corpo que despencou como uma árvore ao ser cortada, voltei a raciocinar direito. Vimos na abertura d aporta arrombada que entrava uma mulher portando uma barra de ferro.
O segurança estava prestes a levantar já com a arma na mão quando esta foi atingida com a barra metálica. Ele soltou um urro de dor deixando a arma escapar de sua mão e com a outra desferiu um golpe certeiro na nossa heroína que também perdeu sua arma e caiu de costas no piso.
Surpreendentemente ágil, num segundo já estava de pé a espera como um toureiro cara-a-cara com o touro que agora bufava e com um berro investiu sobre sua oponente. A cena lembrava os filmes chineses, pois aquela mulher aparentemente muito inferior fisicamente ao seu oponente desferia golpes e mais golpes no segurança que recuava surpreso.
O sujeito era muito forte e logo estava lutando em igualdade até que a mulher tropeçou em algo e foi ao chão. O segurança aproveitou a oportunidade, partiu pra cima de sua rival e começou a apertar o seu pescoço. O peso do seu corpo musculoso impedia que aquela mulher pudesse se mexer. Percebi que ela estava agora quase sem forças, pois parara de se debater e ia morrer estrangulada com certeza.
Eu percebi a nossa chance de fuga quando lembrei da arma, procurei-a e não a vi naquela confusão de pedaços de móveis espalhados pela sala. Foi minha esposa quem se chegou a mim e colocou nas minhas mãos a barra metálica. Nunca fui uma pessoa violenta, mas naquela situação nem pestanejei, cheguei por trás dos combatentes e baixei uma bordoada na cabeça do segurança.
Ele caiu de lado libertando a mulher que já estava ficando roxa. Agora que ela já estava quase recuperada pude reconhece-la, era aquela mulher com quem eu havia trombado!!
Já se recuperara o suficiente para falar quando lhe perguntei:
— Quem é você, por que está fazendo isso?.
Gaguejando ela disse:
— Sou uma agente da inteligência e estou infiltrada nesse caso a algum tempo. Temos que sair daqui rápido antes que o outro segurança volte.
Com toda aquela confusão havíamos nos esquecido do responsável pelo complexo. Ele estava encolhido num canto da sala com visível terror nos olhos, estava em estado de choque.
— Temos que dar um jeito nele! - Disse eu.
—Vamos amarra-lo e esconde-lo, não podemos leva-lo conosco.!
Utilizamos os cabos dos computadores para amarra-lo. Não ofereceu resistência, ele estava mesmo catatônico. Colocamos uma mordaça no sujeito e o escondemos num armário.
— Rápido, vamos sair, aqui está a arma do segurança, pegue e saiam! - Disse aquela mulher com voz enérgica.
— Mas e você? Não sabemos sequer seu nome! - Indaguei à nossa salvadora, ela sorriu ao responder:
—Não tenho nome, nem ao menos existo, agora vão!
Tomei a arma nas mãos, eu e minha esposa fomos para a sala do lado e encontramos a médica e meu filho assustados. A essa altura eu já tinha contado para minha esposa que nosso filho também estava lá, ela somente me ameaçou:
— Quando voltarmos para casa você vai ter que me explicar tudo, envolver o nosso filho nisso, como pode fazer uma coisa dessas? - Não tive argumentos, ela estava certa.
A médica estava em estado de choque, creio que isso aconteça às pessoas submetidas ao tratamento e expostas a um trauma contundente como aquele.
Nós corremos pelos corredores e todos que nos viam não reagiam à nossa presença.
Estávamos chegando ao elevador quando ouvimos os seguranças que se aproximavam. Nos entrincheiramos atrás da esteira bem em tempo de escaparmos dos primeiros tiros vindos em nossa direção.
Minha esposa ficou quase histérica quando viu nosso filho sangrando, verificamos, porém que o tiro tinha atingido o braço esquerdo apenas de raspão, mas isso nos doía profundamente. Tomei a decisão:
— Entrem no elevador, eu dou cobertura com a arma! - Gritei para não deixar margem à discussão.
A arma era uma pistola automática daquelas que disparam rajadas. Por sorte eu conhecia esse tipo de armamento da minha época de infante no exército.
Destravei e disparei na direção onde os seguranças também tinham se entrincheirado, de modo contínuo para que ninguém ousasse meter a cabeça para fora do esconderijo. Nesse instante minha esposa e meu filho correram para o elevador e por sorte a porta estava aberta. Entraram e por segundos que pareciam uma eternidade a porta se manteve escancarada. Quando finalmente a porta fechou, terminou também a minha munição, encolhi-me num canto a espera do fim inevitável.
Quase conformado com meu destino, fique ali quieto enquanto ouvia os passos apressados dos seguranças. Quando estavam bem perto, algo aconteceu, pois ouvi tiros que não eram disparados por eles. A confusão foi grande até que restou o silêncio, arrisquei sair do meu esconderijo e pude ver quatro homens uniformizados caídos bem próximo de onde eu estava.
Passei por eles e acho que estavam mortos, pois não se mexiam, notei que mais à frente estava caído e ainda se movendo um corpo, com cautela me aproximei e pude ver quem era.
A mulher que nos ajudara na fuga estava ali ferida me chamando.
— Venha aqui, você me deve um favor! - Eu não poderia recusar, afinal ela tinha razão.
Ajudei-a se levantar, ela sangrava no lado direito da cintura.
— Não é muito grave, mas preciso de sua ajuda agora! - Disse ela com dificuldade em ficar de pé, enrosquei seu braço no meu pescoço e ela me falou:
— Me ajude a chegar na sala de controle, rápido! - Eu não disse nada, somente a ajudei, pelo caminho encontramos ainda mais dois seguranças baleados, ainda estavam vivos, mas fora de ação. Os trabalhadores continuavam letárgicos nos seus lugares.
Chegamos na sala de controle com uma peça metálica maciça nas mãos. Minha amiga fizera questão de leva-la quando nos dirigíamos para ali. Com essa precária arma, mas ferramenta ótima para o que ela tinha em mente, sistematicamente ela começou a desferir pancadas em todos os instrumentos ali existentes, destruindo tudo, painéis de controle estalavam em chamas, outros explodiam como fogos de artifício.
Naquela euforia eu também me embalei e com fúria descarreguei todo o meu ódio naqueles quadros, monitores e computadores. A sala começou a pegar fogo ao mesmo tempo que começou a soar o alarme que ecoava em todos os cantos das instalações.
Saímos apressados dali, pois a fumaça e o fogo estavam se avolumando, no piso inferior pudemos sentir que vibrava ao que parece, explosões violentas estavam ocorrendo provavelmente de uma usina de forças que dava autonomia ao complexo.
Fomos em direção ao túnel da esteira e chamamos o elevador que parecia estar demorando demais para chegar. Temíamos agora que aquelas explosões fossem fortes o bastante para fazer desabar o parque acima ou se fosse suficientemente forte, mandar pelos ares todo aquele quarteirão.
O elevador finalmente chega e embarcamos repetindo o processo que eu já havia feito antes. Quando a cabine do elevador estava prestes a chegar ao seu ponto de chegada, ouvimos uma explosão tão violenta que fez o elevador parar. As luzes de emergência acenderam fazendo que nossos rostos parecessem fantasmas devido à cor vermelha. Forcei o alçapão do teto e subi naquele que já fora meu local de fuga outrora.
Ajudei aquela grande mulher e constatamos que o teto do elevador estava a um metro e meio da porta do último andar. Forçamos a porta e conseguimos abri-la.
Estava tudo escuro lá dentro, porém notamos a grande movimentação lá fora, ouvimos o motor de helicóptero e sirenes. Subimos até o heliporto para pedir ajuda, foi quando os holofotes foram dirigidos para nós, pudemos ver que eram dois helicópteros.
Acenamos para eles que se aproximaram para nos resgatar.
Fomos deixados lá em baixo onde já haviam colocado cordões de isolamento em todo o jardim, havia polícia por toda à parte. Estávamos recebendo os cuidados de uma equipe médica quando um homem muito bem vestido veio até nós. Ele falou com a minha amiga de aventuras num idioma que eu não pude identificar. Após, veio falar conosco, apertou-me a mão e desculpou-se por não poder revelar seu nome; “questão de segurança” disse ele. Seu sotaque é estranho não fornecendo nenhuma pista de onde possa ter vindo.
— Caro senhor, agradecemos sua valiosa ajuda, nossa agente nos informou que só conseguiu realizar sua tarefa devido a sua colaboração, obrigado.
Apertou-me a mão mais uma vez e saiu com a mulher que não olhou para trás quando saiu. Fiquei olhando-os até que se misturaram às outras pessoas.
Absorto em meus pensamentos nem notei quando minha esposa e meu filho chegaram correndo e me abraçaram chorando.
— Droga, achei que tinha perdido você seu maluco! - Disse ela beijando-me o rosto.
Dois oficiais da polícia se aproximaram e um deles disse:
— Comandante Maciel! Sei que hoje não existe condição, mas amanhã iremos tomar seu depoimento sobre o caso está certo?
Acenei com a cabeça concordando e ele se retirou deixando o outro conosco e este se apresentou:
—Sou o sargento Rodriguez, eu irei levá-los para casa, vamos?
Mais tarde fiquei sabendo que a polícia e os repórteres haviam chego no prédio cujo subsolo estávamos travando uma batalha pela vida um pouco antes das explosões começarem lá em baixo. Foi minha esposa que havia chamado os dois e eles vieram correndo, pois naquela altura já começava a sair fumaça por todos os bueiros do parque confirmando o que ela havia contado a eles.
Algumas pessoas que estavam lá na hora do incêndio pereceram apáticas, sem reação. A maioria, porém foi resgatada pelos grupos de bombeiros e a policia.
O sujeito baixinho e gordinho que era responsável por tudo foi encontrado amarrado e amordaçado como nós o havíamos deixado. Foi preso e agora está à disposição da lei.
Os grandes grupos que financiavam o projeto gastam milhões com advogados, multas e ajuda aos familiares das vítimas.
Quanto aos trabalhadores que foram resgatados estão passando por um processo de reabilitação com os mesmos equipamentos que os havia ferido, estão recebendo uma nova “memória recente”. Os especialistas afirmam que irão ter uma vida normal após o tratamento.
Eu e minha família fomos condecorados pelo presidente com a ordem de bravura concedida somente aos heróis de guerra.
Ficamos conhecidos no mundo todo e hoje ganhamos uma pequena fortuna com entrevistas nas maiores emissoras de TV do mundo.
Estamos terminando de escrever um livro (a seis mãos) e a maior editora do país comprou os direitos de publicação por um valor escandalosamente alto, mas creio que todos concordam que nós merecemos.
Fim
Rubens Alves Teixeira
Setembro de 2003