QUEM É DEUS

Acordar de manhã para correr no parque Ibirapuera e fazer exercícios juntos. Lavínia me achava o melhor homem do mundo. Sensível. Frágil. Incapaz de fazer mal a uma mosca, apesar do meu porte físico.

Lavinia saiu da pista e corria pelo gramado, atravessou uma trilha mais densa, tropeçou e caiu.

— Se machucou, amor?

— Droga!

— O que foi? — eu disse, ajudando-a se levantar.

Recusou ajuda.

— Tropecei nesse mendigo.

Parecia uma trouxa de pano, ela cutucou o sujeito para ver se ele se levantava e parecia estar morto.

— Meu Deus! — disse Lavínia.

A polícia não demorou a chegar. O jovem cadáver estava sem face, o rosto completamente desfigurado. Havia sido surrado até a morte. Uma coisa horrível. Aquilo daria uma boa manchete. Poderia ser um sujeito importante. Estava bem vestido. Paletó. Gravata. Ou talvez fosse mais um turista gringo qualquer. Ouvi o policial dizer para um outro tira que o sujeito não havia sido assaltado, pois estava com a carteira no bolso da calça, cheio de dinheiro. Comecei a me sentir mal. As pessoas. Os curiosos em volta. A policia tentando isolar o local. Me afastei rapidamente, procurando Lavínia. Procurando uma maneira de fugir daquele lugar. Me esbarrando nas pessoas. Um lugar para vomitar.

— Você achou que não viríamos atrás de você? — me disseram dois sujeitos, me agarrando pelo pescoço, de repente tudo vinha a tona novamente, a borra, o sangue.

— Espera ai, pessoal, estou com a minha namorada.

— Felipe!

Lavínia se aproximou e os dois sumiram no tumulto. Mas antes, o maior deles, deu uma cabeçada na minha boca. Um golpe certeiro.

— Meu Deus, Felipe, o que houve? A sua boca está sangrando.

Lavínia queira saber quem era aqueles dois sujeitos. Fiz cara de bobo. Mas eu sabia muito bem o que estava acontecendo.

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F Mendes
Enviado por F Mendes em 12/11/2010
Código do texto: T2611320
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