OS FINADOS MORTOS

OS FINADOS MORTOS

Passaram o trator

no cemitério,

seus corpos passaram

á ser mistério.

Plantaram ali verduras

e como era

ver duras as penas

de um povo que veio em dia

de finados,

que fins á nados lavaram os coitados.

Aqueles corpos nus,

sem cor, pus á nos

vigiarem entre as quaresmeiras

qual os reis das ladeiras.

Solavancos rumo

ao sol de la van socos.

Passaram o trator no cemitério,

sem mistério

cem toneladas de minério,

eram todos Neros,

meros Eros.

Erros matreiros

este mal no terreiro

terra de cangaço,

canga da aço

sem cadarço.

Na rua um mineiro

a pedir água no celeiro,

cela fechada

lero lero muheceiro,

mineiro ou carioca

plantador de mandinga na oca.

Alguns adoravam,

a dor os miravam

de dentro da vangloriavam,

passaram o trator na horta

do povo

e sem ovo ninguém nasceu,

pobre nasireu, já

cresceu sem véu,

sem céu seu eu

morreu o amor de réu passou o trator

e nem se retratou

com o retrato do ator

que fazia papel

de Noel no rapel.

Pobre do Jão

que ninguém viu mais

nem Vilma se visse

o seu ministério

fosse do cemitério de Armanda.

---Bom dia bom jão; disse.

--o dia é mal?

---O dia bão jão !

o dia mal?

--Que confusão como podia o dia bom

odiar o mal? Se o dia mal faz parte

do diabão? Sem o dia bom não haveria o dia mal.

--Eu hein..

Murmurou João e voltou pra cova.