Medo e Desespero [O Som da Morte]
Seu olhar era cheio de medo e desespero. Olhava em volta desesperada, procurando uma saída. Mas não existia salvação, ela sabia bem disso. O choro já não podia mais ser contido e ela explodiu em lágrimas e lamúrias sentada no chão daquele fétido banheiro, encolhida ao lado de uma privada imunda.
Podia ouvir, ele se aproximava...
Não havia escapatória, não existiam mais recursos. Devia se entregar ao seu destino de uma vez por todas. Qualquer luta era em vão e também já não lhe restavam forças.
O rangido da porta principal do banheiro indica que ele já esta ali. É questão de minutos para ele encontrá-la e acabar de vez com essa vida inútil.
O eco dos passos dele a atormentam. Sim, ele se aproxima... Se aproxima devagar e sem pressa... Ele sabia que ela não tinha para onde fugir.
De repente o som de um tiro na fechadura da cabina a faz pular de susto. O homem a contempla com aqueles olhos verdes que um dia tanto admirou. A boca que tanto beijou agora exibia um sorriso sarcástico de satisfação.
Com um movimento brusco ele a puxa pelo braço esquerdo fazendo-a ficar de pé.
Ele pára diante dela. Olha em seus olhos e vê o medo e arrependimento que ela sente.
“Tarde demais para se arrepender.” Pensa ele sem desviar o olhar.
O barulho de um tiro vindo do banheiro ecoa pela praça.
Ele contempla o corpo jogado em cima da privada com o mesmo olhar frio com que a caçou. Deixara de amá-la assim que sentiu que estava sendo enganado. Sentia apenas ódio e repulsa por aquela mulher.
Em seguida vira-se e segue até o grande espelho logo na entrada do banheiro. Com o sangue de sua vítima ele escreve as seguintes palavras: “A dor da morte não é maior do que a dor de ser enganado por quem se ama. Assinado: K.”
Kristopher olha-se mais uma vez no espelho e posiciona a arma na têmpora direita...
O barulho de um tiro vindo do banheiro ecoa mais uma vez pela praça.