A Fera dos Olhos Flamejantes - Cap. I
A Pavorosa Criatura
Por meus anos de vida escutei muitas histórias e lendas, algumas sem sentido, tipo aquelas que são contadas apenas para assustar criancinhas, e outras que até eu ficava assustado. Pessoas de mais idade, idosos, que possuem este costume. Por terem vivido em terras não muito habitadas, ou por não terem tantos recursos de transporte, luz, entre outros, em suas casa, isso os faziam sair de noite em meio a matagais e descampados "assombrados", vivenciando estes fatos assustadores, que hoje quando são contados nem todos acreditam, mas acreditando ou não, sempre ficam vestígios na memória.
Lembro de quando eu era criança, meu falecido avô descreveu-me um acontecido em tempos onde a vila em que ele morava, numa cidade das planícies centrais do Rio Grande do Sul: - Nunca ouvi coisa mais assustadora. Subindo as ruas da vila, entrando em becos e ruas muito estreitas, os moradores, quando perguntado, descreviam tal criatura da mesma forma que meu avô: - Era Assustador. Mas, o que trazia tanto medo a esse povoado?
Não se sabe bem ao certo quando tudo começou, lembram os moradores que numa determinada noite começaram a escutar fortes uivos e barulhos trincantes de correntes por algumas noites, até que um forte estrondo como se algo resistente tivesse quebrado sucumbiu o silêncio daquela bela noite de lua cheia. Ecoaram gritos de pavor pelas alamedas, e o longo uivar de um lobo. A partir daquela noite quando começava escurecer todos entravam, e nem o mais corajoso ficava. Medo dissipava das poucas pedras das estradas de terra. Em poucas semanas, apareceram muitos animais mortos: galinhas, porcos, cavalos... Os cães acoados não se submetiam a ficar nas ruas, entocavam-se junto aos seus donos. A pessoas, vendo os estragos feitos pela coisa, resolveram então trancar seus animais dentro das casa, temendo por sua segurança, sabendo por eles que ali era um meio de salvar suas vidas, se mantinham calmos, mas nem sempre.
Conta um morador, que seu cavalo estava calmo no galpão aos fundos da casa e que no piscar de seus olhos ele entrara em pânico, parecia querer fugir de alguma coisa, de um predador mortal. O homem sem saber o que fazer para acalmar seu equino e com uma péssima ideia abre uma ventoinha de sua janela, dando de cara com a fera.
- Caí para trás com tal pavor, gelei o peito de tanto medo que me faltou o ar.
Descrevendo assim uma criatura tão apavorante que o homem responsável por sustentar uma família, chorou como criança. "Era tão grande quanto um cavalo" - disse apavorado - "Seus olhos queimavam como o fogo, e seu pêlo era como a escuridão... Sobre duas patas ele se ergueu, saltou o muro como se fosse um tijolo, e saiu correndo sobre as quatro patas rebatendo correntes presas ao seu corpo como um relâmpago."
Naquela mesma manhã, enquanto o pobre homem relatava seu acontecido, uma mulher se apresentou e comentou ter visto a mesma criatura: "São olhos que pregam o medo, e garras que firmam a morte". Apavorados, todos temiam por suas vidas, e de suas famílias, como poderiam safar-se, não tinham para onde ir, uma hora a coisa ficaria feia e todos poderiam morrer.
- Vamos Lutar! - gritou um homem de meia idade - Vamos acabar com essas coisa e livrar nossos filhos deste medo.
- Falar é fácil - retrucou um mais velho - Como iremos enfrentar tamanha força e brutalidade, sem falar o quão rápido ele é, seremos massacrados.
Surgiram discussões de todas os cantos, muitos queriam lutar, mas muitos estavam com medo e tinham medo maior ainda só pelo fato de pensar em querer ir ao encontro do monstro. Os mais corajosos, buscaram de todo seu armamento para enfrentar a besta, mas mesmo assim precisavam de um plano para seu ataque. Quando? Onde? E como atacariam?