CAPTAÇÃO - Segunda parte.
 
  Um deles veio se esgueirando, fogoso, tentando escapar da mangueira. No entanto, o barulho estrondoso do motor da máquina já dizia que pelo menos um dos tubos de aço estava sendo habitado por ectoplasmas frios e altamente desconcertantes. Dava para ouvir os coitados lá dentro berrarem, com seus gritos agudos e insuportáveis, sendo atingidos por uma descarga elétrica crucial. A cada segundo, á medida que capturávamos, os ventos se desmanchavam em forma de uma luz cintilante azul, com pequeninas estrelinhas brilhantes. Elas caíam acima de nós, se dissipando logo após atingirem o solo.Sem forças o suficiente para continuarem a brilhar.
  Á máquina, já incapaz de capturar mais seres fantasmagóricos, foi se tornando incapaz de continuar o seu processo. Logo em seguida, ela vibrou num solavanco, enquanto as últimas almas eram desencadeadas e levadas para dentro do seu núcleo. Nick abandonou as mãos sobre ela. Ele tinha percebido que já bastava.E para o meu conceito, eu também havia concluido que realmente tinha bastado. A carga já ultrapassa seu limite tão profundamente que ela tinha desabilitado sozinha. Quando desligada, o silêncio iniciou na noite gélida, e os ruídos preliminares dos ectoplasmas zunzunavam lá dentro, sem terem como escaparem. Estavam finalmente presos. Sem saída. Em pânico. Sem forças. E Nick ao meu lado, aflito e ao mesmo tempo exausto. Enfim, conseguimos zanzar mais uma vez na penumbra da madrugada de todos os dias, pelo centro de descanço dos espíritos, embora alguns eram tão insuportáveis e chatos, quanto na primeira vista onde não pareciam ser. Até mesmo porque apenas nós dois sabíamos da existência deles. E mais ninguém.                    Nick deixou seu corpo tombar pelo extensivo caminho do chão de pedra do mausoléu. Sua respiração era completamente acelerada, mesmo o nervosismo da tensão deixando seu sistema nervoso central. Sem hesitar e perder tempo, fui direto para a máquina. Coloquei de volta a mangueira num compartimento de apoio extensivo, e abrindo outro, com uma pequena área estabelecida e assegurada, retirei o tubo de lá de dentro. Bem próximo do corpo do motor. De repente, diante do vidro escuro, a percepção foi além. Um glorioso fenômeno veio à tona sobre nossas olhos. Lá dentro, elas lutavam para sair do tubo, se passando por uma simples e transparência camada de luminosidade, como minúsculas serpentes se entrelaçando umas nas outras. Nick se levantou na mesma hora, se deixando enfeitiçar pela luz, mesmo visto aquele fenômeno várias vezes. Arregalou os olhos, e levou um dos dedos tocando o vidro parcialmente gelado. Hesitou, ao dizer que mesmo durante a caçada, o fato do outro plano obter características fascinantes quando em ambiente sem luz, era genial. Ao contrário do restante que era interamente desastroso.
Como sempre, deixamos isso de lado. Analisamos o tubo tecnicamente, sem muitos esforços, e a colocamos dentro de uma caixa basicamente térmica para preservá-los. Depois fomos para a máquina. Retiramos as baterias de alta carga dupla, regulamos alguns dos níveis diretamente nos botões sobre-montados, e a preparamos para ser transportada na caminhonete.
  O processo durou exato duas horas. Duas horas suficientes para preparar a caçada. Quando deixamos o mausoléu – ainda infestados por espíritos malucos -, o amanhecer já se mostrava a nascer além das montanhas. Eu e Nick entramos no veículo, e seguimos até o local onde lá preparávamos o encarcere definitivo dos espectros. A chamada: sala dos confinados. O que aconteceria depois, ai seria uma outra história. Uma história muita secreta, com experimentos muitos secretos. E sem sombras de dúvidas, essas artimanhas iriam mudar de uma vez por todas o jeito como nos ambientamos no mundo onde vivemos. Fato de que isto esteja certo.
W West
Enviado por W West em 25/10/2010
Reeditado em 19/01/2014
Código do texto: T2578294
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