O LOBISOMEM DE AMPARO - PARTE 02 – DONA ALICE F.

PARTE 02 – DONA ALICE F.

Omito o sobrenome, afinal não tenho permissão dela para dizer aqui o que minha mãe me contou e o que ela num dia de chuva confirmou com detalhes para mim e seu neto, Mi.

Dona Alice, assim como outros moradores da região vieram da Itália, fugida da Guerra, contou que num dia de lua cheia ela escutou uma barulheira no quintal e ao abrir a janela da cozinha viu o tal lobo negro. Ele matava e não comia. Matou patos, marrecos, galinhas, perus e até os faisões. Quando ela abriu a janela, o lobo parou e veio em sua direção, o seu cão perdigueiro que dormia dentro de casa fugiu para o outro extremo deixando um rastro de urina pelo caminho. O animal do quintal com poucas patadas destruiu a janela. A sorte de Dona Alice tinha cinza e sal bento de São Elóquio de Cordova, que havia sido consagrado recente, já que o corrido foi no começo da primavera e a celebração de seu santo de devoção tinha sido no dia 13 de setembro.

E o que tem haver a cinza e o sal bento de São Elóquio de Cordova?

Minha mãe não sabia me responder, mas a Dona Alice com um olhar meio de bruxa falava que o seu São Elóquio era santo cigano e que ele mesmo matou muitos cães do demônio e no dia dele se fazia amuletos de proteção contra qualquer coisa do diabo. Quando a fera adentrou para pega-la, ela pegou o pote de pó consagrado e jogou nos olhos vermelhos da fera o qual saiu uivando alto passando a face pelas fezes dos animais e nunca mais apareceu na propriedade dela.

Dona Alice indicava a devoção ao santo a todos da rua, pois naquela época não havia ninguém que não temesse o lobo ou que não tivesse uma historia para contar.