Vestido de Noiva
Rio,06/09/10
Vestido de Noiva
Laura olhava todos os dias nas páginas dos jornais o anúncio de venda de vestido de noiva. Tivera feito disso uma espécie de voto sacramentado. Casar-se de véu e grinalda e depois então se tornar mulher como mandava o figurino da vida. Filha única duas ou três amigas visitando seu portão segurava as pontas, quando o namorado tentava avançar o sinal:
_ Por favor, Marcos ainda não.
_ Que diferença faz, Laurinha. Muitas moças fazem isso e se casam de véu e grinalda. Ninguém precisa saber.
_ Acontece que o vestido de noiva tem um sentido. Significa virgindade.
_ Gosto de você como você é.
_ Se gosta mesmo de min. Tem que ser do jeito que eu quero.
Muito contrariado Marcos acariciou-a devidamente sem passar do sinal permitido:
_ Entra minha filha. Tá na hora.
_ Pôxa mãe deixa eu ficar mais um pouco.
_ Não filha você tem que levantar cedo e ir trabalhar.
Marcos olhou para ela e disse:
_ Todas as suas amigas ficam na rua até altas horas. Só com você tem que ser diferente.
_ Você ouviu Marcos. Não arranja encrenca com os meus pais.
Passou alguns dias.
Laura ficou procurando o vestido de noiva sem desconfiar que era seguida por três rapazes. Entre eles seu namorado pretendiam descobrir o segredo de Laura que saia cedo do trabalho e entrava pelas ruas da cidade em busca de alguma coisa.
Brincalhão e astucioso ficou distante o suficiente para ver que comprava o vestido de noiva e o embalara numa caixa branca.
Embora não percebesse as coisas a sua volta prosseguiu o caminho que traçava levando a caixa para o apartamento que alugou e mobiliou sonhando um dia casar com Marcos.
Ninguém sabia que havia alugado aquele apartamento. Seus pais não sabiam do apartamento e contou com a ajuda das amigas na hora de se prestarem a servir como fiadora e reconhecimento de fulano e beltrano, de praxe das lojas na compra de qualquer mercadoria.
Não estava em seus planos perder muito tempo no apartamento. Tudo saira como planejava. juntou o dinheiro da festa. Pagou o salão no prazo determinado e alugou a casa disposta a conquistar sua liberdade e ter seu novo lar independente. Olhou prazerosa para a aliança e o vestido das damas que ainda iria escolher.
Ah se a mãe desconfiasse de alguma coisa. Estava até imaginando o que iria dizer.
" _ Você está se deixando levar pelas amigas!"
Laura não suportava mais a intervenção dos tios e tias, primos e primas xeretando sua virgindade:
" _ Aposto como já não é mais moça nem aqui nem na China!" _ Tio Olavo dizia de boca cheia.
"_Essas que se fazem de santinha são as piores!" _ Tia Eulália. Ufa! Que sujeita intrometida.
Pior era o primo Celso. Indeciso na vida queria colocar banca na vida dos outros:
" _ Eu é que não boto minha mão no fogo!"
Enquanto isso a prima Glória fazia fuxico.
Por isso, tomou a decisão de ir trabalhar e costruir sua independência sem que ninguém soubesse. E quando se dessem conta. Estaria entrando na igreja com Marcos e com tudo montado. Rodopiou com o vestido no corpo se deparando com o próprio e os colegas atrás dele:
_ Mar... Mar... Maaarcos!
_ O que siguinifica tudo isso? _ Olhou com requinte de escarnio.
_ Não deu para perceber otário? _ Perguntou Luis debochando dele: _ A donzela furada tá lhe usando para ser o pato da história da carochinha! _ Caiu na risada.
_ Olha isso Luís a criatura esperta pensou em tudo. _ Apontou o bar de canto: _ Sabe quem é que vai ser a dona da casa? _ Apontou para Marcos o irritando. Este no entanto, segurou-a pelo braço e exigiu satisfação:
_ Qual é a tua Laura?
_ Isso mesmo, donzelinha furada é melhor você contar a verdade. _ Insistiu Luís cercando-a, a medida que o outro fechava sua passagem:
_ De modo que pretendia fazer nosso amigo de idiota!
_ Vocês não têm nada que ver com isso!
Tentou desvencilhar sendo impelida outra vez:
_ Então, você pretendia me passar a perna.
_ Tudo que fiz foi pensando em nós dois.
_ Mentira, Laura! Se fosse assim, tomaria conhecimento de seus planos.
_ Me deixa em paz e caiam fora daqui!
_ O que você está escondendo?
Foi uma briga incontrolável. Laura não queria dividir com Marcos seus delírios e Marcos pensava que estava sendo feito de idiota. Um jogou a moça para o outro rindo e apontando:
_ Vamos lá mentirosa conta a verdade!
_ Saiam daqui!
Até que num momento de escapulida a pobre Laura correu para a janela. Perturbada com os deboches perdeu o equilíbrio e despencou do sexto andar.
_ Aaaaaaaaaa!
O corpo de Laura rolava no ara antes de cair no chão sendo coberto pelo vestido de noiva.
Durante o enterro a mãe da moça parecia traumatizada.
Dias depois...
Dona Cecília costurava vários vestidos idêntidos o de Laura. Foi colocando um por um numa caixa branca e saiu pelas ruas sendo seguida pelos mesmos rapazes entre os quais estavam Marcos:
_ Olha lá, Marcos parece a Laura!
_ Laura está morta, seu tolo! _ Ficaram observando a próxima rua que ia entrar: _ Lembra que fomos no enterro?
_ Por falar nisto... _ Comentou Gilson: _ Estamos encrencados até o pescoço por causa daquela chave de cadeia.
_ Ela caiu sozinha. - Admitiu Luís apavorado:
_ Isso é o que nós sabemos. Mas, temos que provar que foi assim. _ Balbuciou Gilson: _ Quer saber, tõ fora! _ Saiu andando na direção em que seguia a mãe de Laura. E qual não foi a surpresa de Gilson ao se deparar com o vestido de noiva na porta do edifício onde ela pretendia morar. Tomado de intenso susto gritou:
_ Maaaarcoooos!
Dayanne