Frio Como O Vento - parte I

Naquele dia, Júlia acordou mais cedo. Precisava organizar suas ideias. Levantou uma hora mais cedo do que de costume, se arrumou, pegou sua bolsa e uma maçã e desceu as escadas da casa. Faltava muito tempo para a aula começar e Júlia sabia disso. Abriu a porta e viu o sol ainda fraco, pois tinha acabado de nascer. Quando fechou a porta de casa, sentiu um vento gelado e então voltou para pegar seu casaco. Subiu as escadas em silêncio, pois seus pais estavam dormindo. De repende Júlia virou-se para trás. Olhou ao seu redor e tudo estava em silêncio e vazio. Mas isso não era o que Júlia sentia. Ela teve a impressão de que alguém havia entrado quando ela subiu. "Coisa da minha cabeça" pensou Júlia. Pegou o casaco cinza e desceu as escadas. Fechou a porta e saiu. E então ela viu o que sempre via todos os dias, durante doze anos. Júlia amava aquele lugar. Morava ali desde os cinco anos, quando seus pais se separaram e a mãe casou-se novamente. A rua era tranquila, com ótimos vizinhos e belas casas. Andando lentamente pela rua, com a bolsa em uma mão e a maçã em outra, viu algumas folhas caírem das árvores e o vento fazendo tudo se mover. Os cabelos ruivos, ondulados e longos de Júlia balançavam e ela sentia no rosto o vento gelado. O dia estava frio. Frio como Matt. Júlia e Matt namoraram durante alguns bons meses mas uma tragédia aconteceu. Matt sofreu um acidente, e foi o único que não sobreviveu, quando viajava com sua família. E hoje fazia um ano que ele havia morrido. Ela se sentia culpada pela morte de Matt, pois alguns dias antes eles haviam brigado. E brigado mesmo. Matt foi frio, como o vento que Júlia sentia, com ela. "Matt me disse coisas que nunca diria. Fez o dia, que estava maravilhoso, terminar cinza e triste. Ele foi frio comigo, não agiu como o garoto pelo qual eu havia me apaixonado" pensava Júlia "Mas ao mesmo tempo, ele foi sincero. E eu me arrependo de não ter tentado resolver as coisas enquando dava tempo." E hoje completava um ano que Júlia sentia sobre ela toda essa culpa.

Virou-se novamente para trás. Algo a seguia. Ela sentia isso. E foi então que viu alguma coisa se mexendo atrás de uma árvore. Ela começou a se aproximar com passos silenciosos e largos. Botou uma mão na árvore e olhou para trás dela. E foi então que Júlia gritou.

continua... (:

Beverly
Enviado por Beverly em 01/09/2010
Reeditado em 01/09/2010
Código do texto: T2473303
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