Sangue, apenas
As mãos repletas daquele sangue amargo que escorria pela boca da companheira. As unhas tomadas pelo ódio que sentira instantes antes do ato final. A certeza de que muitas vezes aquilo que agora era real fora vontade tantas e tantas vezes. E dentre essas vezes, as vontades ainda maiores de reatar, de consertar o que estava estragado entre eles. Mas ele não tinha mais paciência. Ele não via mais esperanças naquele caso mal resolvido que o tempo fez questão de tornar morno, murcho, cheio de pó.
Ela empalidecida sobre a cerâmica que haviam acabado de trocar. Clara cerâmica, clara expressão da jovem moça que era cheia de esperança e ilusões. Iludida, ludibriada por um alguém que a merecia, sim, só que de outra maneira, que não aquela. Tão violenta e direta maneira de "amar". Se é que alguma vez ambos pensaram nisso. Em amor. Em entrega, confiança.
Ele, por fim, cansado. Vencedor e vencido ao mesmo tempo. Da mesma forma que ela. Vencida por completo. Sem volta. Sem desculpa. Apenas vencida.