O VAMPIRO DO DIA - Capítulo 1 – O ENCONTRO
Da forma mais reverente um mistério estaria para acontecer. Seria um despertar do tempo, voltando a um passado de séculos, onde as ruínas de um antigo lugar não mais estariam presentes.
Um dia de muito movimento nas calçadas da Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, começava diferente.
Muitas pessoas por ali passavam todos os dias. Era o ritmo moderno dos tempos presentes. Que se afrontava pelas lembranças do passado que estariam a falar na forma das mudanças que iriam acontecer.
Um homem muito agitado puxava uma carroça cheia de restos de papéis que teria de juntar para sobreviver. Uma mulher levava uma criança nos braços mostrando o cansaço do peso que carregava. Um senhor idoso parecia não mais querer nem viver, pela distância do olhar que fazia na direção que ainda teria de caminhar.
Mas sem nem parar para ver, do lado esquerdo da rua, subia uma figura muito conhecida que vivia fazendo barulho e dizendo histórias antigas daquele lugar. O universo que conspirava diferente abria um grande horizonte para saber quem seria aquela pessoa.
Uma parada era necessária para se poder perguntar. Como o senhor se chama? O homem respondeu de repente. Pode me chamar de doido da rua, mas nada de doido eu tenho! Meu nome é Damião Saldanha do Forte do Lampião. Mas se o Senhor quiser me ouvir eu vou poder falar com certeza. São muitas histórias que posso contar.
Falava alto dizendo: aqui estar um moribundo do dia e que de noite se veste diferente. Assim, ele falava sorrindo de forma até incomum pelo ar sofisticado e com um jeito bastante satirizado. Parecia que queria sorrir e de repente franzia a testa provocando a garganta como querendo falar e cantar bem alto.
Os sinais demonstravam que se lançava numa vida não comum e que convivia com momentos de muitos sofrimentos. Os lábios bastante diferentes pareciam ressecados. A voz mais robusta parecia quase incorporar um personagem que se vestiria numa história de conto de fadas ou conto de rua.
De tanto desejar saber fazia mais perguntas aquele homem que parecia estranho. Já faz muito tempo que vive assim por aqui? E ele falou bem baixinho, parecendo sussurrar, que não poderia dizer tudo. Ao mesmo tempo se virou para o outro lado da calçada dizendo: todas as pedras do piso dessa rua vieram de onde eu vivi.
Falava como querendo relembrar o passado e às vezes de forma muito contundente. Não sabia o que indagar pelas palavras tão autênticas e seguras que pronunciava. De repente parecia que começava a contar uma outra história que seria daquele lugar.
Chegou a desenhar no chão falando para mim. Aqui eu encontrei uma cidade bem diferente de ontem. Em alta voz parecia que falava, mas começava a recitar uma poesia.
Que de doido nada tenho pelas formas de furor...
O sonho que mais sinto tem as trovas de amor...
Amor por esta terra adorada!
Com muitas estrelas que brilham!
Que mais desejos eu tenho...
Para encontrar o meu ninho no meu estilo!
De noite eu fico dormindo...
De dia eu vou desmontar...
Este chão que tanto quero vivo sorrindo pra amar!
Foi assim que pude perceber que aquele homem teria na voz um talento. Que muitos diziam coisas diferentes dele, chegando até a zombar daquele homem da rua.
Às vezes, além de moribundo que era, passava a ser diferente, monstro de corpo presente com dom de mente vivente. De dia era mendigo porque estava dormindo e de noite era mistério na sombra do outro dia.
Lembrava muitas vezes, de outra cidade bem distante, que tinha saudades. Dizia também, que por isso ele se chamava pelo sobrenome Saldanha. E que fazia naquele lugar o desmonte na volta da mesma sintonia de euforia.
Foi assim que comecei a pensar e a perceber. Tem coisas! Tem muitas histórias que esse homem pode falar. Por que teria de acreditar?
Parecia que o chão naquele momento tremia! Senti um arrepio e tudo passava a ficar diferente. Em torno daquele homem, que tanto seria mistério, quem sabe o que iria acontecer! Pensei franzindo a testa: Podem estar acesos no ar, novos dias de sonhos pra encantar a fonte viva e até a sereia do mar.
E como num piscar de olhos, o homem desaparecia saindo a caminhar pela rua. Olhava se virando de costas, até chegar à esquina de outra rua, e logo depois sumiu.
Fiz as anotações e sublinhei: amanhã neste mesmo horário estarei aqui novamente, pra encontrar este homem, que prometeu me falar e contar histórias diferentes desse lugar.
***Foto da Autora***
Da forma mais reverente um mistério estaria para acontecer. Seria um despertar do tempo, voltando a um passado de séculos, onde as ruínas de um antigo lugar não mais estariam presentes.
Um dia de muito movimento nas calçadas da Rua do Bom Jesus, no Recife Antigo, começava diferente.
Muitas pessoas por ali passavam todos os dias. Era o ritmo moderno dos tempos presentes. Que se afrontava pelas lembranças do passado que estariam a falar na forma das mudanças que iriam acontecer.
Um homem muito agitado puxava uma carroça cheia de restos de papéis que teria de juntar para sobreviver. Uma mulher levava uma criança nos braços mostrando o cansaço do peso que carregava. Um senhor idoso parecia não mais querer nem viver, pela distância do olhar que fazia na direção que ainda teria de caminhar.
Mas sem nem parar para ver, do lado esquerdo da rua, subia uma figura muito conhecida que vivia fazendo barulho e dizendo histórias antigas daquele lugar. O universo que conspirava diferente abria um grande horizonte para saber quem seria aquela pessoa.
Uma parada era necessária para se poder perguntar. Como o senhor se chama? O homem respondeu de repente. Pode me chamar de doido da rua, mas nada de doido eu tenho! Meu nome é Damião Saldanha do Forte do Lampião. Mas se o Senhor quiser me ouvir eu vou poder falar com certeza. São muitas histórias que posso contar.
Falava alto dizendo: aqui estar um moribundo do dia e que de noite se veste diferente. Assim, ele falava sorrindo de forma até incomum pelo ar sofisticado e com um jeito bastante satirizado. Parecia que queria sorrir e de repente franzia a testa provocando a garganta como querendo falar e cantar bem alto.
Os sinais demonstravam que se lançava numa vida não comum e que convivia com momentos de muitos sofrimentos. Os lábios bastante diferentes pareciam ressecados. A voz mais robusta parecia quase incorporar um personagem que se vestiria numa história de conto de fadas ou conto de rua.
De tanto desejar saber fazia mais perguntas aquele homem que parecia estranho. Já faz muito tempo que vive assim por aqui? E ele falou bem baixinho, parecendo sussurrar, que não poderia dizer tudo. Ao mesmo tempo se virou para o outro lado da calçada dizendo: todas as pedras do piso dessa rua vieram de onde eu vivi.
Falava como querendo relembrar o passado e às vezes de forma muito contundente. Não sabia o que indagar pelas palavras tão autênticas e seguras que pronunciava. De repente parecia que começava a contar uma outra história que seria daquele lugar.
Chegou a desenhar no chão falando para mim. Aqui eu encontrei uma cidade bem diferente de ontem. Em alta voz parecia que falava, mas começava a recitar uma poesia.
Que de doido nada tenho pelas formas de furor...
O sonho que mais sinto tem as trovas de amor...
Amor por esta terra adorada!
Com muitas estrelas que brilham!
Que mais desejos eu tenho...
Para encontrar o meu ninho no meu estilo!
De noite eu fico dormindo...
De dia eu vou desmontar...
Este chão que tanto quero vivo sorrindo pra amar!
Foi assim que pude perceber que aquele homem teria na voz um talento. Que muitos diziam coisas diferentes dele, chegando até a zombar daquele homem da rua.
Às vezes, além de moribundo que era, passava a ser diferente, monstro de corpo presente com dom de mente vivente. De dia era mendigo porque estava dormindo e de noite era mistério na sombra do outro dia.
Lembrava muitas vezes, de outra cidade bem distante, que tinha saudades. Dizia também, que por isso ele se chamava pelo sobrenome Saldanha. E que fazia naquele lugar o desmonte na volta da mesma sintonia de euforia.
Foi assim que comecei a pensar e a perceber. Tem coisas! Tem muitas histórias que esse homem pode falar. Por que teria de acreditar?
Parecia que o chão naquele momento tremia! Senti um arrepio e tudo passava a ficar diferente. Em torno daquele homem, que tanto seria mistério, quem sabe o que iria acontecer! Pensei franzindo a testa: Podem estar acesos no ar, novos dias de sonhos pra encantar a fonte viva e até a sereia do mar.
E como num piscar de olhos, o homem desaparecia saindo a caminhar pela rua. Olhava se virando de costas, até chegar à esquina de outra rua, e logo depois sumiu.
Fiz as anotações e sublinhei: amanhã neste mesmo horário estarei aqui novamente, pra encontrar este homem, que prometeu me falar e contar histórias diferentes desse lugar.
***Foto da Autora***