ÚLTIMO ENCONTRO
Ele subiu apressadamente as escadas daquele hotel de quinta em uma das periferias da cidade. Ia pensando como tivera a sorte de encontrar uma garota mais velha, linda, carinhosa e amorosa. Como havia esperado por aquele momento, onde enfim se entregariam um ao outro. Achou estranho o lugar, mas não se preocupou porque estaria nos braços dela.
Um último lance de escadas e já estaria enfrente ao número 313. Nesse dia em especial completaria seus dezoito anos, com isso a carta de alforria da maior idade. Ao bater na porta se lembrou que ela também completava vinte e dois anos. A porta se abriu devagar. Quando a viu mal pode se segurar tamanho o desejo em seu olhar. A porta se fechou em um golpe. Ela o abraçou fortemente e lhe deu um beijo, cravando-lhe nas costas o punhal de prata que recebeu de sua mãe. Ele a olhou nos olhos, deu um sorriso triste e se foi. Ela limpou o punhal com o lençol, passando a língua suavemente e roçou de leve o rosto do jovem que jazia no chão. Depois saiu pelo corredor tranquilamente, deixando no quarto as rosas vermelhas que ele lhe trouxera a lhe cobrir o corpo, enquanto em um velho aparelho de som se podia ouvir a última sinfonia de Beethoven.