Má Companhia

Era uma noite de verão, e lá estava ela sentada em sua cadeira, na varanda de sua casa, lendo um velho romance, debulhando as palavras ali escritas, estava fitada, sisuda, viajando por entre a estória daquele amontoado de letras. Quando de repente o vento parou, uma nuança sobre o céu, um estrondo, o que seria, Maria levantou rapidamente de sua cadeira, desceu a escada do alpendre e dirigiu se ao jardim em frente a sua casa, fitou o céu, meditou, indagou e expressou em alto tom. _ Meu Deus o que será!

Adentrou rapidamente ao seu aposento, fechou porta e janela, ouvia se o barulho ensurdecedor lá fora, enquanto ela, seu corpo entrava em pânico, era uma sexta feira, ela pensou, mas que mau haveria de ter, pois a tempo que ali morava, apesar de residir sozinha, naquele pequeno pedaço de chão, se sentia muito bem, pois nunca fora atormentada por ninguém.

O barulho foi achegando mais próximo de sua casa, como se fosse um motosserra, estrondos, um quebrar de galhos, uivos e gemidos, então ela pulou em sua cama, cobriu se com seu lençol verde, dos pés a cabeça, ficou paralisada com pensamento voltado lá fora, no que seria aquilo. Quando de repente o barulho cessou, ouvia se o cantar dos pássaros, então abriu a cortina da janela do quarto, cortina esta com detalhes em renda, tecido de algodão, desenhos geométricos é a estampa favorita dela, então viu pela fresta da janela, que as estrelas brilhavam no céu, e que o azul celeste estava sereno, o vento estava calmo, tudo estava magnífico.

Então, três batidas secas se ouviu na porta, quem seria naquele momento, então ficou quieta, sentada na cabeceira da cama, esperando que não viesse ouvir mais nada, mas novamente se ouviu as batidas na porta, então resolveu levantar se e ir até a sala, verificar por entre as frestas, pois as horas se avançavam e já chegava a meia noite, então novamente ela olhou por entre as frestas, viu um jovem rapaz, então resolveu perguntar o que ele queria. _ Senhor, antes de eu abrir a porta, poderia identificar se por favor, assim disse Maria.

O rapaz com a voz tremula, respondeu; _ Procuro um lugar para repousar o meu corpo cansado, estou perdido por estes lados, ceda me pelo menos a varanda, para que eu possa repousar este corpo.

A porta abriu se então, entre por favor, mas não me tenha por rogada, minha casa é humilde, meu coração nesta noite também se encontra atordoado, e será muito bom ter um homem por perto, sente se neste sofá, irei preparar lhe o banho. Os olhos do rapaz tinham um pingo de bonança, era olhos negros como jabuticaba, mas ao mesmo tempo o rapaz demandava palavras doces, afáveis pelo tempo presente.

Maria chamou - o, já preparado está, pode vir a se banhar, e enquanto banhas, irei preparar algo para comeres, já que presumo estar faminto, ainda mais perguntou, não tens bagagem jovem senhor? _ Não, eu não tenho, apenas esta roupa a qual estou vestindo, e ficarei agraciado em contemplar a sua cozinha. Ela foi a seu guarda roupa, escolheu umas vestimentas de entes queridos que ali já residira com ela, então separou, levou e dependurou no prego em frente a porta onde ele se banhava; _Trouxe umas roupas para que possas usar, espero que as mesmas venham recobrir seu corpo, também espero que venham lhe servir, pois são as unicas que tenho aqui comigo, assim sendo vou continuar a minha tarefa, fazer a comida como combinado sendo assim dirigiu se para a cozinha toda faceira.

Retirando panelas de seu guarda louça, pois a tempo nem mexia, pois nem lembrava mais quando se teve uma visita em sua casa, mas enquanto o tempo passava, ela começou a se indagar, como se faz uma viajem e não leva roupas? Estranho os olhos dele, as vezes negro como as trevas, a mas aquele sorriso compensa tudo! Ai que corpo, os labios de um principe, feições tão joviais, que belo homem és... Bom deixa de bobagem Maria, vamos cuidar nos afazeres, bom o que fazer, lembrei o guisado de carne com legumes, que outrora tinha feito, o melhor é requentar o mesmo, aproveitou ainda e fez batata frita e um pouco de arroz. Passado um tempo, ela ouviu o agradecimento sobre as roupas; _ estas peças de roupas, parecem terem sido feitas para a minha pessoa, pois caíram muito bem em meu corpo você esta me tratando muito bem, acho que não terei como paga-la já que comigo não se há dinheiro. Maria sorri e diz, a sua companhia muito agrada nesta noite, pois hoje ouvi uns barulhos estranhos o qual tive medo. Portanto o rapaz abaixa a cabeça e sorri ao canto da boca, não se preocupe estarei contigo nesta noite.

Venha comer então, já esta sobre a mesa não repare, minha comida é simples. O rapaz se achegou, puxou a cadeira, sentou se, comeu toda a comida posta naquele momento, era como um leão faminto devorando cada colherada de comida, veio ao termino, agradeceu e dirigiu se para a sala. Maria olhou para o relógio dependurado na parede esquerda da cozinha, já se passava das três horas da manhã, então disse a ele vou preparar um cantinho para você dormir, e ele _não precisa me encosto aqui mesmo no sofá da forma em que estou cansado dormirei logo.

Maria levou coberta para o rapaz, se despediu e encaminhou se ao seu quarto, pois estava exausta e ao mesmo tempo ainda relembrava do fatico barulho o qual tinha ouvido, portanto ao mesmo tempo, começava a pensar naquele jovem rapaz, de pele alva, olhos negros, corpo bem torneado, e desejava, a como desejava naquele momento que ele lhe viesse fazer companhia em seu leito, abraça-lo, sentir se protegida, mas as palpebras foram ficando pesada, o sono foi achegado e Maria dormiu intensamente. Quando de repente, ela sentiu seus cabelos serem acariciados, ela lembrou do rapaz e deixou se entregar, como a tempo não tinha tido uma companhia masculina, deixou se levar, aquele beijo ao canto da orelha, o corpo arrepia todo, mas não era o que ela realmente queria, gritou estritamente.

Naquele exato momento sentiu que seu sangue era sugado de suas entranhas e nada podia fazer, aqueles olhos agora brilhavam como olhos de cães, amarelos como ouro, cintilantes como a luz, e lá estava ela inerte sobre seu leito, e o passar do tempo somente restou pobres restos mortais.

Enquanto o viajante a qual ela acolheu, abriu a porta saiu e foi a procura d’outra, pois este além de ser notável é um dos mais conhecidos e temido mas como Maria haveria de saber, como tal formosura pode esconder a face de um demonio, então aquele sujeito de olhos negros, galante rumou se pela estrada, transformando se em um morcego, voou para bem longe, e para o seu conhecimento, este viajante é Vlad Tsepesh aka Dracula, mas conhecido como simplesmente Dracula, podendo ter mil formas e mil maneiras de galantear uma mulher, portanto um ditado é certo "se me convidas para entrar, terei passagem livre o quanto quizer".

Heronildo Vicente
Enviado por Heronildo Vicente em 18/07/2010
Reeditado em 19/07/2010
Código do texto: T2385954
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