Uma figura na noite II
Volto a escrever depois de observar a figura interessante que encontrei no bar onde estou.
Realmente uma bela fêmea. Pele morena, cabelos encaracolados, lábios bem desenhados, corpo magro.
Entre tantas, ela.
Só que não há volta quando o assunto é o encontro comigo. E neste ponto, por mais absurdo que te possa parecer procuro pensar com cuidado. Ainda que o assunto não seja tão debatido, repare como há casos de pessoas que desaparecem sem deixar pistas e sem explicações.
Olho outra vez para Lídia. Ela retribui. Não tenho o habito de sorrir, mas mudo a expressão e invisto na força do olhar. Ela sente. Insisto em desnudá-la. Ela não consegue desviar. Até que de súbito, noto uma aliança na mão direita. Ela acompanha a constatação e tardiamente, tenta esconder a mão. Ainda assim interrompo o ritual. Olho para o lado e chamo o garçom. Peço a conta e me levanto.
Um compromisso de noivado significa planos de uma vida futura, e isso também envolve outras vidas.
Não, definitivamente não.
Depois escrevo o motivo.
Antes de sair do bar, me despeço com um novo olhar.
Sigo minha busca no meio da noite carioca.