Uma figura na noite I
Vejo a lua. Minha companheira constante.
A noite esta fria, mas ainda assim vejo que há muitas pessoas no Centro do Rio de Janeiro. Caminhei pelas ruas paralelas da Cinelandia, até chegar a um barzinho onde pedi uma mesa, me sentei a passei a escrever neste pequeno bloco um pouco sobre mim.
Meu nome, Leymar; idade, respondo depois; sou moreno ainda que com um tom pálido, fruto da falta de exposição ao sol; um metro de setenta e seis; oitenta quilos; rosto modelo oval; nariz afilado; lábios finos; cavanhaque; cabelos raspados; gosto de me vestir com brim e ostento, constantemente, uma jaqueta preta. Não tenho moradia certa. Ando por aí nas noites. Conheço a vida e convivo com a morte.
Há muitos anos escolhi o Rio como parte da minha existência e convivo com os parias em busca de alimento. De certo você já desconfia o que realmente sou. Tudo bem, já que não estou sozinho, mas sei que sou uma figura rara.
Agora observo o ambiente. Peço uma caipirinha. Vejo um grupo a minha frente. Dois rapazes e duas moças. Ouço por alguns minutos a conversa que vai desde coisas da empresa até flertes casuais. Uma das moças olha em minha direção. Sustento o olhar. Sinto as batidas do seu coração. O sangue quente, faz minha boca secar. Continuo olhando e sinto também sua energia. Talvez você não entenda. Compreendo. É estranho ver pessoas somente como alimento, mas é assim que minha realidade se sustenta. Voltando a Lídia, nome da jovem em questão. Ainda não decidi, mas confesso que é uma forte candidata a me acompanhar.
Agora paro de escrever e curto a caipirinha. Volto em breve e descrevo mais um pouco sobre mim e minhas noites do Centro da Cidade Maravilhosa