Prisioneiro 66

Beto Rami.

Ha tempos estava programado a transferência de presos de alta periculosidade para um presídio de segurança máxima.

E entre eles, eu.

O prisioneiro 66.

Bem as coisas que fiz pra estar ali eu me reservo a dizer.

Pois na verdade não vem ao caso. E não a mudaria em nada.

Bem, naquele dia chovia muito, e a transferência foi adiada, para depois da chuva.

Eu não estava só, havia outros três detentos.

E esperávamos acorrentado um ao outro. Eu nunca tinha passado por aquilo, éramos como animais selvagens.

A sensação era horrível.

Correntes nas mãos e nos Pé s.

Um dos detentos, Pé de valsa era seu nome. Trazia uma mordaça na boca, mordera violentamente um dos guardas. Arrancou um pedaço pra ser mais exato.

O outro, chamado zuca, parecia uma criança indo ao parque de diversões. Ria e ria.

Já Antônio estava serio, não era sua primeira transferência e com certeza não seria a ultima.

Bem, assim pensavam muitos.

Quanto a mim, não revelarei meu nome.

Era e continuarei sendo o prisioneiro 66.

Nos quatro juntos somávamos quase mil anos de condenação. (como se fosse possível viver tanto.)

Aguardávamos o termino da chuva, e como essa não parou resolveram seguir o cronograma.

A chuva continuava e muito, o barulho era ensurdecedor não se via nada.

Já dentro do ônibus, zuca já não ria. Agora cantava provocando os guardas, e esses apenas nos olhavam. Pé de valsa batia os pés seguindo o compasso da musica.

Antônio continuava quieto, mas agora se mostrava nervoso. Como se esperasse algo inesperado.

E esse algo aconteceu.

O motorista perdeu a direção por algum motivo qualquer, tentou frear.

O carro virou varias vezes, não sei dizer quantas, e tombou.

Eu desmaiei.

Quando acordei estava no meio do mato. A chuva havia parado. Não tinha ideá da hora ou onde estava.

Olhei ao redor, nada do veiculo nem dos guardas ou dos outros detentos.

Só sei que estava livre. Acho que com a batida as correntes se abriram, eu estava livre pra que ficar questionando. Então corri, corri como jamais havia corrido antes, passei pelo matagal como se esse não estivesse ali. Não demorou muito avistei uma casa. A janela estava aberta, eu entrei.

La dentro procurei a cozinha, não que estivesse com fome ou cede procurava uma arma.

Encontrei uma faca. Ouvi passos, alguém descia a escada e vinha em direção à cozinha.

Era um homem, corri para um canto e esperei. Pensei será fácil, um golpe certeiro e pronto.

Ele me olhou, tenho certeza que olhou. Seus olhos cruzaram o meu vinha em minha direção.

A respiração aumentou, eu arfei como um cachorro. Fechei os olhos e esperei.

A campainha então tocou, e ele se foi. Eu continuava a arfar.

Olhei pelo vão da porta e vi, eram policiais.

Perguntaram sobre o telefone e ele apontou para um canto.

Não pude deixar de ouvir a conversa.

Falavam sobre o acidente.

_Não houve sobreviventes. disse ele.

Eu no meu canto ria por dentro. Estava satisfeito não perseberam que eu escapei.

Foi quando alguém me tocou.

Com o reflexo dos nervos eu o esfaqueei.

Mais ele continuou de pé me olhando.

E disse. __Vamos chegou a hora.

__Quem é você?Perguntei.

__Vamos chegou a hora. Continuou.

E ao olhar melhor vi que era o Antônio. Eu ri.

__Pra onde? Pergunte.Tem guardas por todos os lados. Disse rindo.

_Venha.disse-me secamente.

Nisso me tocou e ao olhar novamente estávamos de volta ao ônibus.

Ele estava morto, e todo e todo desfigurado.

Os outros também estavam,zuca tinha um sorriso mórbido nos lábios.

E mutilado caído sobre o pé de valsa... Estava, eu.