CHURRASCO INESQUECÍVEL

O CHURRASCO INESQUECÍVEL

Paula estava cansada. O calor daquele vinte de Janeiro em sua cidade era como um verdugo perseguindo suas vítimas até a execução Ela veio dirigindo como uma louca, pisando fundo no acelerador, para logo chegar. Seus pais a acompanhavam. Eles desceram e se instalaram na pequena casa que possuíam.

Aquela propriedade pequena pertencia a mãe de Paula, e era motivo de muitas discussões na família. A casa vivia sempre fechada, as árvores precisavam ser podadas e os genitores da moça estavam envelhecendo... Os outros dois irmãos não se preocupavam com estes detalhes.

O sol forte parecia mexer com os pensamentos de Paula. Ela estava inquieta, ansiosa. Torcendo que alguma pessoa alugasse aquela casa e as viagens de fim de semana se acabariam. Seria uma preocupação a menos.

De repente ela perguntou ao pai: - Que cheiro é este? O pai chegou mais perto dela no quintal e respondeu-lhe que não sentia nenhum cheiro diferente. Ela arqueou as sobrancelhas, e inalou profundamente. Tornou a perguntar: - Que cheiro é este? O pai disse-lhe, não estou sentindo nada, mas deve ser algum caminhão que despejou ali no lixão, carcaças de frango. Ela ficou assustada, sem saber o que dizia:

- Não, pai, este cheiro eu conheço bem, não é o que o senhor está pensando. Isto é carne de gente pegando fogo. O pai indagou: - De onde você tirou isso?

Neste momento, bateram palmas e o seu pai foi ver quem era. Um casal de meia idade, acompanhado de uma menina de uns dez anos. Eles vieram ver a casa que estava para alugar. Enquanto o pai de Paula conversava com o casal, a menina entrou pelo quintal e segredou baixinho para Paula: - Tia eu hoje vi uma coisa horrível, perdi até a vontade de almoçar.

Enquanto o casal ficou conversando com os pais, Paula saiu com a menina e andaram cerca de seiscentos metros. Quando chegavam mais perto, Paula começou a se lembrar do cheiro que sentira. Era a resposta para o que via. O quadro era horrendo. O corpo queimava lentamente, a gordura entre as carnes escorria, era um churrasco humano.

Os dedos tinham sido decepados.

Elas não agüentaram e saíram rapidamente. Paula observou uma patrulhinha rondando

discretamente, enquanto outros curiosos amontoados diante da tragédia cochichavam uma das frases que Paula jamais esqueceria. Ele está aí desde ontem...

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 11/04/2010
Código do texto: T2191095
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.