MEDO (miniconto)
O branco acoberta toda a vida. A natureza acomoda. Adormece. O frio expõe a dureza de sobreviver a situações inóspitas. Aqui, e ali, os flocos de neve expandem e aumentam a neve nas montanhas. O que na primavera foi uma árvore coberta de folhas e abrigo dos animais e insetos, agora é um tronco com galhos retorcidos e desfolhados. A paisagem rascunha na alma de Andrey a voracidade do tempo. Caminha pela neve. O esforço das passadas; o inquieta. Gotas de suor congelam na sua barba. A solidão do momento é passageira. Não consegue conviver com o silêncio. Fala em voz alta. Não quer ouvir a sua consciência. Ouve a sua voz em um discurso idiota. Grita o seu nome. O eco devolve o som. Não está só! O eco da sua voz transpassa a sua alma. Abraça o tronco de uma árvore que encontra pelo caminho. O ódio corrói e o aniquila. Precisa compreender o motivo de viver em constantes antíteses. Sua paixão por Natascha prostitui sua moral em um clima de sensualidade, doentio. Já, Nádia o leva para o desvelo do amor sagrado, ronda a sua alma um clímax de alegria ao seu lado. Seu corpo e seu espírito trocam de lado. Ele vê o seu corpo no avesso. Urra de dor e medo. Monstro esfomeado. Grita e pede socorro. Senta. A luz o encobre. O seu exterior, agora seu espírito; o acaricia e acalma. Enfim, a paz! Mas, até quando?