UMA CAMPANA PARA UM CAMPEIRO
(UMA CAMPANA PARA UM CAMPEIRO)
A CHUVA DESCE EM CÂNTAROS, A NOITE ESTÁ TACITURNO, IGUALMENTE O PEQUENO POVOADO. NÃO SE OUVIA UM RUÍDO NAS CALÇADAS. O VENTO COMO LÁTEGO CHIBATAVA AS PAREDES APARENTEMENTE FRÁGEIS. O CAUDAL TORNOU-SE TÉTRICO, FAGULHAS ELÉTRICAS RISCAVAM OS CÉUS. OS ARVOREDOS DANÇAVAM SOB SINFONIA DO VENTO, UM BAILADO MACABRO. AS LUZES DA SIMPLES RUAS ECLIPSARAM, SOMENTE DENTRO DAS CASAS HAVIAM LUZES DE CANDEIAS. NESTE CENÁRIO TRISTE, LENTAMENTE SURGIU UMA PEQUENA SILHUETA DE UMA CRIANÇA. SEUS OLHARES ERAM COMO DUAS GEMAS AZUIS. TRAZIA NAS MÃOS UM RAMO DE BELOS LÍRIOS DE VÁRIOS MATIZES. ASSIM INICIOU A GRANDE ODISSÉIA DO “POBRE RICO SER.” DE ONDE VEIO? QUE É ELE? SOZINHO NAQUELE TEMPORAL SERÁ QUE ELE NÃO SUCUMBIRA NAQUELE TEMPORAL? ESSAS PERGUNTAS ERAM FEITAS PELOS MORADORES DO POVOADO. ALGUNS GRITAVAM: MENINO! ONDE ESTÃO SEUS PAIS? MAS O PEQUENO PROSSEGUIU SUA CAMINHADA. FOI QUANDO UM DOS MORADORES EXCLAMOU: VEJAM, VEJAM! ELE NÃO ESTÁ CAMINHANDO NAS ÁGUAS, MAS SOBRE ELAS. ADMIRADOS OS DEMAIS MORADORES. NUM CORO INUSITADO, OUVI-SE UM OH! VOLTOU O MORADOR A PERGUNTAR: FILHO QUE É VOCÊ? MAS NÃO HOUVE RESPOSTA NOVAMENTE. CONTINUOU SUA CAMPANA. INTRIGADO UM DO MORADOR, DISSE. VOU VER QUEM É ESTA PEQUENA CRIANÇA. DESCEU OS BADRAMES DA ESCADA, SENTIU OS GROSSOS PINGOS SALPICANDO NA PELE, MAS ESSE DETALHE NÃO O DESANIMOU, FOI QUANDO A CRIANÇA INTERROPEU SEUS PASSOS: RETIRANDO UM DOS LÍRIOS AZUL DO BUQUÊ, DEPOSITOU DIANTE DA IGREJINHA, OLHANDO O INFINITO EXPRESSOU AS SEGUINTES PALAVRAS. “PAI! VÓS QUE É A SABEDORIA INFINDA; PAI! VÓS CRIASTES O SILENCIO, ALEGRIA. PEÇO-TE, ALUMIAS ESSE POVOADO. OLHAIS POR TODOS OS MORADORES.” FINDA ESSAS PALAVRAS PROSSEGUI SUA PEREGRINAÇÃO AMOROSA. EXULTANDO, O SIMPLES CAMPEIRO ESTACOU: OBSERVANDO O INFINITO, PEQUENAS LAGRIMAS FURTIVAMENTE DESCEU SOBRE A FACE. A CHUVA QUE DESCIA EM CÂNTARO, SUBITAMENTE CESSOU. MAS ELE, NO MEIO DAQUELA ENXURRADA PROSSEGUI, ACOMPANHANDO CRIANÇA. AVISTOU-O OBSERVANDO VASTÍSSIMA CAMPANA, QUAL DAVA ACESSO AO PEQUENO POVOADO, NOVAMENTE ABAIXANDO DISSE: PAI! AGRADEÇO POR TER-ME ATENDIDO, RETIRANDO OUTRO LÍRIO, MAS SÓ QUE ESTE ERA BRANCO. DEPOSITOU NA ESTRADA DO POVOADO. EM SEGUIDA RUMOU NA DIREÇÃO DA ALTÍSSIMA MONTANHA EM SUA FRENTE. CANSADO O SIMPLES CAMPEIRO AVISTOU-O PELA ULTIMA VEZ. EXAUSTO, MAS IMENSAMENTE FELIZ, RETOMOU CAMINHO DO POVOADO, CHEGANDO EXPÔS AOS DEMAIS MORADORES. AMIGOS! DEVEMOS AGRADECER POR ESSA DÁDIVA CELESTIAL. HOJE RECEBEMOS A VISITA DE UM MENSAGEIRO DA PAZ. POIS NO MEU INTIMO, SENTI QUE ESTE PEQUENO SER, É O SENHOR DAS CHUVAS, DOS VENTOS, DOS RELÂMPAGOS, DAS CAMPANAS, DAS MONTANHAS, DOS MARES, FINALMENTE ESTE AUREOLADO SER, É DOS MENSAGEIROS DO DIVINO FANAL!
&&&
AA. -------- J. -------- C. ------- DE MENDONÇA.
DATA. ------- 15. -------- 02. -------- 2010