Réquiem
A caixinha em si é uma pequena jóia. Ouro, prata, pedras preciosas e cristal. A sua beleza escancara aos olhos. Desde o século XVIII guarda no seu interior um pequeno tesouro. Marcas vermelhas como feridas abertas estão ali estampadas. Homens e mulheres se ajoelham na sua presença. Sinal de subserviência? Viajantes de lugares distantes lhe prestam homenagem. Rumores de que o tesouro do seu interior é falso corre de boca em boca. Falso? Como? Choros convulsivos abalam o ambiente. O Réquiem em ré menor, KV 626 de Mozart flutua pelos catres. “Quantus tremor es futurus,...dies irae, dies illa,... Quantus tremor es futurus,...dies irae, dies illa,... Quantus tremor es futurus,...dies irae, dies illa,...” As vozes anunciam a todos o temor pela verdade. O pedaço do pergaminho é falso. Ali não estão as últimas notas da Lacrimosa. Em 5 de dezembro de 1791, o mestre genial morre. O seu requiem fica inacabado.