O beijo flutuante

Era um dia frio e chuvoso. Ela, em seu quarto, não conseguia parar de pensar nele e no desejo de passar toda a sua vida ao lado dele. Ah! Se Paulo soubesse o quanto doía no coração de Luíza ficar longe dele? Por que o pai da jovem proibira aquele namoro? Será que ele não entendia o quanto o casal se amava?

Os enamorados não pertenciam à mesma classe social. A família da moça era muito rica e os pais de Paulo eram os empregados daquela mansão.

De nada serviam os apelos de Luíza em dizer ao pai que o dono de seu coração era descente, estudioso, trabalhador e que não mediria esforços para ser digno dela e fazê-la feliz.

O tempo passava e tudo continuava na mesma: a distância tornou-se o maior abismo entre eles.

Certa noite, não mais aguentando a saudade, Paulo esquece as ameaças do pai da jovem e pula o muro lateral da casa, onde fica o quarto de sua amada. Está tudo combinado para fugirem daquele amor tão incondicional!

No horário marcado, Paulo e Luíza vão se aproximando um do outro. A noite estava estrelada e já não chovia mais. Então, eles se olharam nos olhos e correram para um abraço do qual tanto almejavam.

De repente, o barulho estrondoso de um tiro é a última coisa que escutam. A bala penetra seus corpos, mas eles nada sentem, apenas flutuam e se beijam...