Bilhete...
Seus olhos ficaram paralisados, o medo percorria-lhe a nuca, a sensação era de que de fato conhecia o autor do bilhete.
Emocionou-se, buscando em sua lembrança a imagem de todos que desceram daquele ônibus.
Logo veio a lembrança de um lindo rapaz alto, um típico deus grego, que todos os dias descia no mesmo ponto, em que ela subia.
Desceu do ônibus e pegou outro, fazendo o caminho de volta, seu coração dizia: É ele, só pode ser ele.
Logo se deu conta que era uma suposição infantil garantir que ele era o autor daquela bilhete, tinha que haver um modo de saber onde ele estava, ainda era manhã e daria tempo de encontrá-lo até o horário marcado.
Logo caiu em si, e percebeu que o rapaz do ônibus poderia ser um suicida, um assassino talvez, ou não, um amigo.Sentada na calçada, reabriu o livro tentando encontrar alguma pista de onde poderia achá-lo, nada, uma lágrima brotou de seus olhos, atitude típica de uma sonhadora estudante, logo tudo parecia impossível e como se na sua frente a unica saida era a paciência e a espera.
O bilhete estava escrito no papel timbrado da universidade, poderia ser uma pista afinal a mesma ficava próximo ao ponto de ônibus, correu até faltar-lhe o ar, e pediu informações ao vigia, ao porteiro,
à faxineira e nada conseguiu, indo á Coordenadoria, escutou uma centena de "não", tudo era confidencial.
Decidiu partir com seu coração contrito, mas esperançoso, o que teria acontecido com aquele jovem, porque escreveu aquele bilhete, as horas voavam e logo ele teria completado a sua sentença e dizimado enfim a sua vida, ou cometeria um assassinato, de olho no lindo poema, chorou como criança que nunca se cansa.
Caminhou rumo ao ponto desolada, abatida, sentiu-se incapaz, com o livro junto peito, como num abraço, fez um eterno laço,
sentiu saudade. Olhava o nada e surpreendeu com um leve toque no seu ombrou, quase desmaiou ao vê-lo.
Guaguejou dizendo "É você" "É É É É É É seu".
O rapaz tentou acalma-la, dizendo,: Obriagada, eu o perdi pela manha.
Você é Fausto, Fausto é seu amigo, você consegui impedi-lo temos que ajudar disse de forma apavorada e frenética, percebendo o motivo de tanta angustia acalmando os ânimos novamente.
Ele disse: Meu nome é Carlos, porém o meu eu Lírico é Fausto, este é um poema do meu livro.
Naquele instante, nasceu não somente a paixão pela poesia, enfim, mas, pelo Carlos, que com alguns pequenos versos, a fez sorrir, chorar, agonizar e por fim gargalhar ao descobrir em Carlos e Fausto
o mistério da poesia.