O DESPENHADEIRO
O DESPENHADEIRO
Nua e solitária, ela corria sobre o minotauro,
que com um gemido seco relincha a sorrir
como a mascara fria do carrasco
símbolo inato que ressoa no baque da cabeça inocente.
--De onde vens?
Perguntou a poeta.
--De vaguear pelas rimas e rodear junto às métricas.
--Notastes meu corpo igual em toda Atenas não há!
---Como hei de não notar se é cercada de veludo e ouro; riu se o Minotauro.
--Mas como não me amaras, gemerei oculta como vândalo
no vazio, vândalos vedados da sorte,
pobres mãos sem cravos e cruz..
A chuva caia sobre a cidade como um vampiro sedento por morte.
Um choro aqui um lamento ali. As ruas de Atenas com seus pescoços furados
sem gentes nas veias que entupidas de dejetos a noite encobria.
O minotauro sobe ao penhasco e contempla o pranto da poetisa
que ao terminar o dialogo salta do olimpo junto aos braços do despenhadeiro sem nenhum ego.