Projeto Avalon - parte 1

— O vampirismo é uma patologia um tanto quanto complexa — disse o Dr. Thomas Howard, diante de uma pequena platéia composta de cientistas e governantes em um auditório particular. — Muitos estudos têm sido feitos nos últimos anos, e já sabemos muito sobre Vega.

— Vega? — perguntou um senador russo.

— Sim. Vega é como renomeamos o vírus que gera toda a anomalia. Ele possuí características de pelo menos uma dezena de vírus conhecidos pela ciência. Seus sintomas foram registrados pela primeira vez em 1766, numa fazenda na Túrquia, em porcos que possuiam um comportamento agressivo e muita aversão à luz do sol.

Em humanos, o vírus só veio a se manifestar em 1789, na Romênia — disse o Dr. Howard. — Não demorou para que os doentes fossem tidos como demônios, e decaptados.

"— O vírus Vega é transmitido pela saliva, e assim que penetra o organismo ele afeta a visão, gerando hipersensibilidade. Logo, destrói os glóbulos vermelhos, e gera anemia. Em seguida o Vega ataca o sistema nervoso, causando perda de concentração e irritabilidade moderada. Nas horas seguintes, a agressividade se torna extrema, e seu instinto mais forte é o de se alimentar.

Um dos cientistas se levantou:

— Onde o senhor deseja chegar?

— Bem... Como sabe, o vírus "sempre foi frágil longe de um hospedeiro, e raramente um infectado permite que sua vítima fique viva, o que também colaborou para a contenção da doença. Porém minha equipe de pesquisa prevê uma pandemia que está para começar em breve.

Os cientistas acharam a afirmação um absurdo.

— Os governos desde 1945 trabalham contra esse mal. Não há forma de haver uma epidemia nem mesmo num pequeno vilarejo do fim do mundo, quanto mais em escala global!

— Mas o vírus se modificou — disse Howard. — Por algum fator que ainda nos é desconhecido, Vega se tornou mais resistente ao meio externo, e sua propagação num organismo saudável ficou mais rápida.

— Mesmo se for verdade — disse um político francês —, os americanos falam numa vacina...

— Não acredito na eficácia de uma vacina. A rápida mutação e regeneração do vírus impede que encontremos um soro...

— Então o que pretende fazer, Doutor Howard? — questionou um cientista. — Ou só nos trouxe aqui para nos dar esse alerta absurdo?

— Não. Temos um plano. O Projeto Avalon.

— E no que consiste esse projeto?

— Injetar em cada habitante do planeta uma solução que servirá como agente ofensivo.

— Você disse que não havia vacina.

— E não há, pois essa solução não cura. Descobri uma estranha bactéria chamada Avalon, que é inofensiva ao organismo humano e se aloja no sistema nervoso central. Porém, ao entrar em contato com o vírus Vega, a bacteria se torna agressiva, e ataca o sistema imunológico do paciente e destrói os seus glóubulos vermelhos. Resumindo: quem for contaminado pelo Vega, morrerá em questão de horas, sem chances de propagar a doença.

O público ficou alvoroçado, e muitos deixaram a sala naquele instante.

— Acha mesmo que iriamos conseguir vacinar 6 bilhões de pessoas assim, sem mais nem menos?

— Se meus cálculos estiverem corretos, temos menos de 1 ano. Se não fizermos nada, quando a epidemia começar não demorará nada para que o vírus se espalhe pelas grandes metrópoles... em semanas, será o mundo inteiro.

Jean Carlos Bris
Enviado por Jean Carlos Bris em 28/02/2010
Reeditado em 28/02/2010
Código do texto: T2111492
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