Venezianas Verdes, Cap. 14
Juliano preferiu não ter ido almoçar com o grupo na sala destinada a refeitório no andar da empresa. Alegou a necessidade de comprar uma camisa social para ir a um batizado. Não teria mesmo como conversar com Herval na presença de outras pessoas. Além do mais, conversar o quê com Herval? Ele já sabia de tudo. Devia saber inclusive que não havia nenhuma camisa social a ser comprada naquelas lojas do centro. E que Juliano teria preferido sentar-se num banco numa pracinha nas imediações do prédio da empresa e ficar olhando as árvores. Talvez elas lhe dissessem alguma coisa.
Levara o celular. Controlara-se ao máximo. Não devia ligar para Bernadete. Ela deveria ter o tempo que desejasse. As coisas talvez entrassem mais rapidamente no eixo dessa forma.
Ligara da pracinha pra sua mãe, prevenindo-a de que estaria por lá no início da noite. Sabia que ela o esperaria de braços abertos. Ainda que fosse pra dormir por lá sem a mulher. Mãe é mãe.
Mas agora, já perto de deixar o escritório, faria sentido ligar pra Bernadete. Até porque ela não tinha ligado pra ele. Saber como tinha sido o dia dela. Talvez estivesse um pouco menos magoada.
O telefone de casa tocou várias vezes sem ser atendido. Tentou o celular. Mesmo resultado. Preferiu não deixar recados. Ela saberia que se tratava dele. Quinze pras sete. Deveria estar em casa. Onde poderá ter ido? Que amiga poderá ter procurado?