A JUNTA DE BOIS CARREIRO: PARANÁ & MARINGÁ

     Em uma cidade do interior de Minas Gerais, vivia um fazendeiro, daquelas pessoas bastante respeitadas em toda região, tanto no aspecto social, financeiro e até político, era um ponto de referência para toda vizinhança. Casado, tinha os filhos e filhas, noras, genros e netos, todos morando ao seu redor, dentro das suas propriedades.
     Na sede da fazenda onde morava com a esposa, possuía um carro de boi bem antigo, ainda herança de seu velho pai, por se tratar de uma relíquia era tratado por todos como se fosse um"carro de luxo". Para puxar esse carro, ele tinha doze bois carreiros que era o orgulho daquele fazendeiro, todos os bois pesados, apareados, sendo motivo de visitas por parte de todos os amantes da arte de carrear.
     Os bois de "guia", eram os que mais chamavam a atenção, pelo tamanho, pela forma dos chifres,pela tranquilidade e forma carinhosa com que deixavam serem conduzidos e tratados por todos,inclusive servindo até de meio de condução e brincadeiras para todos os onze netos do fazendeiro, que faziam dos bois PARANÁ E MARINGÁ o que bem queriam.
     Com o passar dos anos os bois foram ficando velhos, não conseguindo retribuir em serviços ao proprietário da fazenda, tudo aquilo que eram acostumados quando novos, coisas que as crianças achavam bom, pois sobrava mais tempo para curtir com os bois as diversas brincadeiras.
     Certo dia, o fazendeiro levantou mais cedo do que era de costume, e disse a um dos capatazes, que ali vivia com ele:
Pegue a junta de bois PARANÁ E MARINGÁ, traga-a para a porta pois os vendi a um açougueiro, ele virá matá-los aquí mesmo na fazenda.
Ouvindo isto o capataz se afastou e foi buscar os bois.Uma das crianças que era acostumada a brincar com os bois, ouviu todo o recado do avô ao capataz, saiu correndo foi contar toda história aos outros primos.
     Enquanto o menino corria de casa em casa, relatando assustado aquela notícia, eis que chega na fazenda o maldito açougueiro, que logo, armado de uma espingarda, foi disparando sem dó nem piedade contra o boi MARINGÁ, que por sorte, ou má pontaria do dono do açougue, não pegou direito e o boi investiu contra todos que estavam no curral. Transformando aquele animal dócil e tranquilo, em uma fera indomada.
     Quando estavam todos alí se protegendo como podiam,do boi enfurecido, chegou ao curral todos os netos do fazendeiro e um dos meninos começou a gritar, MARINGÁ... MARINGÁ...o boi, ainda assustado,parou... e reconhecendo a voz da criança, começou andar calmamente em direção aos outros meninos, que começaram correr, indo ao seu encontro. Alguns passavam-lhe as mãos, outros limpavam o sangue do tiro que le atingiu de raspão, outros o montavam, fazendo-lhe caminhar rumo ao pátio da fazenda.
Assustados com aquela cena, o açougueiro chamou os seus ajudantes e foram se retirando, momento em que ouviu-se a voz do fazendeiro, que da varanda de sua casa obiservava tudo.
     Virou-se aos netos e disse:
PARANÁ E MARINGÁ, jamais sairão desta fazenda, eles não mais serão usados no serviço e sim servirão para as brincadeiras das crianças até os últimos dias de suas vidas.

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