| O HOMEM E O MONSTRO |

A noite caiu por entre as redondezas de uma cidadezinha no interior de um mundo paralelo e invisível aos olhos daqueles que habitam a terra.

O silêncio no interior da cidade — mais conhecida como vilarejo dos gritos— fora ausente por todo tempo, isso porque muitos gritos de almas já partidas ficam a solta nas redondezas, uivando sem controle, fazendo com que as grandes colinas cercadas por arbustos e rochas resistentes vibrem melancolicamente, enquanto os berros se intensificam a todo instante.

Neste mesmo lugar, no crepúsculo gélido, havia um homem de aparência bastante esquisita.

Seus passos se deslocam á medida que suas grandes botas de couro pisavam por cima dos gravetos secos no solo úmido e fofo, formando-se um fino som baixo.

Ele foi andando lentamente até vislumbrar um facho de luz bem a sua frente. Sentiu arrepios por alguns momentos, mais nada que o fizesse desistir e parar de seguir adiante.

Olhou a sua volta. A grande camada de neblina invadindo os quatros cantos da cidade deserta e melancólica. Fria. Horripilante.

Seus pequenos ouvidos captaram um zumbido que vinha de algum lugar, entre as árvores. Os nervos entraram em alerta. Então, só voltou a relaxar, deixando seu estado de adrenalina para o lado, ao perceber que se tratava apenas de uma coruja amarronzada, em busca de sua presa.

A grande capa preta e seus cabelos finos e arrepiados começaram a esvoaçar no vento em poupa. Os olhos tremeram. Tudo tremeu.

Escutou mais um barulho. Desta vez mais avassaladora. Novamente os nervos entraram em colapso. Alguém estará ali, próximo dele. Então logo percebeu que não estava sozinho.

Parou.

Olhou e analisou com extrema atenção ao seu redor. Fungou o ar puro e gelado bem fundo, e sentiu algo fresco a solta. Sangue?

De repente o facho de luz á frente, deixou de ser branca e tornou-se uma grande luz vermelha ofuscante. O tempo logo mudou.

Ao lado, á poucos metros de distancia, apareceu uma coisa inexistente. Uma criatura diabólica e extinta. Medonha. Perversa. Ruim.

A besta o fitou-o com seus olhos ardendo em fogo, e logo se lançou ao ataque. As grandes garras afiadas se matearilizou na frente do homem, e sem perder tempo, ele logo tirou de sua bainha uma espada sutil. Ela brilhou a luz do facho.

Quando o monstro de dois metros de altura veio ao ataque, ele, porém rasgou a forte pela escamosa do bicho. Um líquido verde-oliva, fétido, caiu no solo, roendo alguns gravetos como ácido.

O monstro rugiu de dor. Esquivou-se para o lado rapidamente. Ao fundo os gritos dos mortos também zoavam a solta, em tom de protesto.

A fera não perdeu força. Continuou em frente ao homem, com a enorme boca aberta, mostrando os dentes afiados.

Por um pequeno instante, o homem imaginou que àquela hora seria seu fim. Mas não deixou esses pensamentos invadir-lhe sua mente, tirando-lhe a atenção.

Quando o monstro veio pra cima, numa velocidade inacreditável, ele derrubou o homem no chão, o querendo consumir na mesma ação. Mas não conseguiu. O homem, ainda com a espada em seu poder, tratou-a de afundar a ponta da arma bem no peito da fera. A fúria do monstro foi em vão.

O homem fez esforço para se levantar, já que atacara a fera deitado, e com a perna esquerda atingida pela força da criatura a solta. Tomou cuidado para não ser atingido pela gosma liquida ácida. O monstro tombou no chão.

O homem deu alguns passos para trás, distanciando-se dela, assistindo a morte lenta e dolorosa da coisa mais inacreditável que já viu.

Em tão pouco tempo, em uma fração de segundo, a criatura se tornou em uma brasa em lava.

Ficou por alguns minutos olhando para ela, de modo surpreso. Suspirando. Exausto.

E voltando do mesmo lugar onde veio, deixando o facho de luz vermelha para trás, desapareceu em volta das rochas congelantes da cidade dos gritos.

Quando desapareceu de vez, os berros dos mortos aumentaram aflitos. Mais uma vez sozinhas, ao ver que ele se fora, logo perceberam que o homem apenas se tratava de um simples mais poderoso vampiro.

Wendel de Almeida

W West
Enviado por W West em 18/01/2010
Reeditado em 20/05/2010
Código do texto: T2037238
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.