Sexta-feira 13

Lucas caminha pela rua empoeirada de um bairro localizado na periferia da capital do Estado. Tem olhos castanhos, cabelo liso e castanho, 1,72m de altura, 65 kg e boa aparência. Tem 20 anos e cursa o quarto período de Direito em uma universidade pública. Está triste porque levou um fora da Pâmela, moça que ele está amando há quase um ano. Ela é linda, cabelos lisos, pretos e longos, olhos repuxados no canto, o corpo perfeito e, tirando o fato de ser morena bem clara, parece uma indiazinha e tem 17 anos. O jovem cujo pai é advogado respeitado mora em um condomínio fechado ali perto.

O relógio marca 20h15min. Lucas passa pela porta de uma igreja evangélica cujo pastor é tio dele. Um demônio manifesta em uma mulher, que pula e grita, até que dois homens e três mulheres conseguem segura-la. A mulher diz com uma voz rouca e alta:

- Eu sou a Pomba-gira, e não vou sair daqui.

Os obreiros tentam expulsar o demônio, sem êxito. O tio do rapaz, que é o pastor, põe as mãos sobre a mulher e diz com autoridade:

- Saia deste corpo em nome de Jesus e não volte mais.

A mulher perde os movimentos e fica inerte no chão por alguns segundos e levanta liberta, como se nada tivesse acontecido. Após o término do culto, Lucas conversa com o tio, primos e amigos, durante uns 40 minutos e vai embora às 22h e 30 min.

***

Chega em casa e faz um lanche rápido. Sua irmã, que é mais nova que ele, foi passear na casa da avó do outro lado da cidade. Seus pais viajaram para o litoral. O calendário marca sexta-feira 13. Dizendo para si mesmo que não tem medo de nada, mesmo estando sozinho, ele começa a assistir ao filme Advogado do Diabo, em DVD. Lá fora, começa a chover forte e a trovejar de forma assustadora.

***

À noite, por volta das duas da madrugada, o telefone toca e Lucas atende:

- Alô.

- Oi Lucas, é o Petterson, to ligando para te chamar para vir aqui à minha casa.

- São 2 da madrugada, cara, vou fazer o quê aí a essa hora?

- O Danillo e o Caverna estão aqui. Ta rolando um frevo da pesada e adivinha quem está aqui?

- Quem? Não faço a menor idéia.

- Tente adivinhar. É uma gatinha e está chamando o seu nome.

- Fala logo, já disse que não sei!

- Tá bom, eu falo, não precisa estressar. É a Pâmela. Ela está chamando você.

- Tudo bem, em 20 minutos estarei aí, até mais.

Ele desliga o telefone e sai muito apressado e preocupado, pois esses amigos dele são perigosos e a Pâmela é uma moça de respeito que não sai à noite com qualquer tipo de homem. A chuva já cessou. Lucas caminha em direção a casa do Petterson. A noite está fria e nublada. Duas corujas passam gritando e Lucas leva um grande susto. Acha que está sendo seguido. Começa a ver sombras. Tem a impressão de ver monstros nas árvores mal iluminadas nas calçadas. Decide andar mais depressa. De repente, algo preto pula na frente dele e o encara com olhos reluzentes como lanternas e o jovem pára assustado, mas era apenas um gato que sai correndo e some no escuro da noite fria e sombria. Ele começa a pensar na Pâmela e lembra que esses amigos dele nunca souberam do amor dele pela linda garota. Finalmente, ele chega à casa do Petterson.

- E aí, o quê que cê manda Lucas?

- Eu não mando nada, cadê a Pâmela?

- Calma cara, relaxa. Eu tenho uma parada aqui que é a maior onda, cê vai viajar.

O Petterson, o Danillo e o Caverna estão drogados. Devido a insistência do Lucas com a Pâmela, Petterson responde:

- A Pâmela está no meu quarto. Vai lá e divirta-se. Depois vem aqui à sala curtir essa onda com a gente. Meu pai e minha mãe foram à fazenda e só voltam domingo. Não se preocupe.

Ao chegar ao quarto, Lucas encontra Pâmela deitada na cama, coberta, com o rosto muito triste e debilitado. Ele pergunta:

- O que foi e o que faz aqui Pâmela?

- Estava voltando da casa da Renata e encontrei com o Petterson. Ele me chamou para eu vir a casa dele. Eu não queria vir. Mas ele disse que a Renata estava aqui na casa dele. Eu acreditei e vim. Estou aqui desde as 20 horas.

A voz da Pâmela estava fraca. Ela diz que está sentindo frio. O rapaz, querendo ver a moça sorrindo, faz uma brincadeira tirando a coberta rapidamente. Leva um susto ao ver o corpo totalmente nu da moça. Ela está toda ensangüentada na genitália. O colchão está todo sujo de sangue no local onde está o quadril. Ele pergunta:

- O que aconteceu aqui?

- Os três me estupraram durante 4 horas sem parar, de dois em dois e foram revezando, sempre ficando um na espera. Depois começaram a usar drogas e a me cortar para abrir mais os buracos. Eu era virgem e agora sou uma prostituta com poucas horas de vida.

Lucas pede a Pâmela para esperar um pouco e sai do quarto. Ao passar pela sala o Caverna diz:

- Vem logo Lucas, é hoje que você vai experimentar uma com a gente. Deixa aquela vaca de lado e vem curtir um pouco.

- Espere aí. Só vou a cozinha tomar uma água. Prepara a mais pesada aí para mim.

- É isso aí, deixa com a gente.

A ira, a revolta e a cólera toma conta de Lucas. Ele vai à cozinha e pega duas facas bem amoladas e de ponta. Vai ao quarto onde está a Pâmela. Olha irado para as partes mutiladas da moça. Cobre-a com o edredom. Vai à sala onde estão os amigos. Aproxima lentamente deles. De repente, segue-se seqüências de golpes com as mãos direita e esquerda. As facas girando. Para cima, para baixo, para os lados, entrando e saindo. Em poucos minutos a sala ficou cheia de sangue no chão, nos móveis e nas paredes, com os três corpos inertes denunciando a tragédia. Em seguida, o rapaz volta ao quarto onde está a moça. Ela baixo e lentamente, diz:

- Lucas, me perdoa. Eu não tenho muito tempo. Eu só quero dizer que... Eu te... Eu te amo.

- Pâmela, meu amor, agüenta só mais um pouco, vou ligar para o médico.

Ela pára de respirar e perde o pulso. Lucas grita desesperadamente. Um grande trovão, grosso, tenebroso, assustador e misterioso atravessa o céu do Oriente ao Ocidente. O jovem acorda no sofá da sala de sua casa suado e respirando fortemente. Olha no relógio do celular que marca 00 h e 00 min de sábado, dia 14.

Enquanto lá fora, chove intensamente.

FIM.

Rafael Caetano
Enviado por Rafael Caetano em 18/01/2010
Código do texto: T2036325
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