Feliz Ano Horrendo - Parte 2

[...] Eu ainda estava amedrontada e escondida atrás da poltrona vermelha. O cenário agora se tornara mais obscuro, já que o homem que estava em meu quarto havia fechado as janelas e cortinas. Ele olhou para a minha cama e empalideceu. Ele deixou algo sobre ela, logo em seguida eu o vi com um olhar preocupado.

Finalmente, ele saiu do quarto. Continuei segurando as lágrimas e a dor dentro do meu íntimo até olhar pela janela vê-lo partindo em um luxuoso carro preto. Fui em direção à minha cama, e vi que ele havia deixado um envelope azul em cima dela. Fui logo abrindo o envelope. Dentro dele havia uma foto com alunos de colegial, era uma foto que não me era estranha.

Quando olhei melhor, percebi que era a foto da minha formatura da oitava série, com os alunos em fileiras. Era uma turma que eu não gostava muito, mas tinha lá os que se salvavam. Notei que tinha um garoto, bem na segunda fileira, que não me era estranho. Não me lembrava de mais nenhum rosto da foto senão o dele. Mas por quê?

Pensei, tentei entender e de repente tive um estalo! O garoto familiar era o homem que esteve comigo na festa da virada! Não lembro seu nome, mas a última lembrança que tenho em minha memória é de um rosto usando um par de óculos redondos com uma grossa e preta armação, e que por trás daqueles óculos havia um par de olhos maravilhosos.

Ele era magrelo e nerd, andava com um grupo de garotos que adorava sair aloprando quaisquer que fossem as pessoas, sem se preocupar com as consequências. Lembro-me de ser uma das mais belas garotas da turma, eu era muito admirada tanto por garotos como por garotas. Um dia, o garoto chegou para mim –com certo medo- e disse que eu era muito encantadora e que seu sonho era receber um beijo meu. No mesmo instante, eu ri de sua cara – mesmo por que, achei que seu grupinho o tivesse desafiado a me dizer isso -, chamei-o de “otário” e dei um empurrão nele, fazendo com que seus óculos caíssem, e em seguida lhe dei as costas. Não fiquei para ver sua reação nem nada, apenas segui meu caminho.

Se porventura, fosse ele quem tivesse me deixado nessa situação, será que teria sido por pura vingança ou apenas por uma diversão completamente macabra? Isso me deixou assustada e muito mais confusa. Virei a foto para ver se tinha algo escrito do outro lado. Não deu outra, uma mensagem fora deixada: “Te vejo no inferno, otária.”

Aquele “otária” ecoou em minha cabeça, e com muito ódio e dor, eu tinha a mais completa certeza de que ele era o homem que fizera aquilo comigo. Provavelmente tentou me matar, mas como não obteve sucesso ficara com o semblante preocupado.

Sem mais demoras, tratei de fazer alguns curativos, para que eu pudesse me recuperar logo e acertar as minhas contas com aquele homem sem escrúpulos. Mas será que ele realmente tentou me matar apenas por causa de coisa de criança? Será que isso acabou afetando o seu psicológico? Isso tudo me deixou muito confusa.

O telefone tocou. Pensei em atendê-lo, mas não o fiz. Achei melhor não, já que a probabilidade do assassino estar ligando era de 90%. Sentei-me no chão, e esperei um pouco o tempo passar, até que adormeci. [...]

Raquel M
Enviado por Raquel M em 08/01/2010
Código do texto: T2018001
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