Máscara (miniconto)
Catharina é a filha mais velha do casal de italianos. Conhecia como ninguém a arte da confecção das mascaras para o carnaval de Veneza. Aprendeu com o seu pai. Sabia que a máscara além do glamour leva a transgressão de toda regra social, de quem a veste.
O frio e a atmosfera obscura fazem dos carnavalescos verdadeiros discípulos de Pan. A flauta do fauno é ouvida por todos. Um frenesi toma conta de homens e mulheres. O poder erótico da música faz o seu seguidor urrar em banquetes de carne e vinho. Veneza se ufana ao poder da necessidade humana de festejar a qualquer preço.
Gôndolas transportam foliões mascarados em verdadeiras orgias alimentares. A libido corre solta. As máscaras não diferenciam sexo e nem posição social. Um arlequim passa correndo aos gritos: 'll leccare la sua condanna e si urla di gioia e noci.
Catharina solta um gemido de prazer ao pensar que as suas máscaras cobrem os rostos dos enamorados e amantes da sua bela “La Sereníssima”. Seus canais estampam máscaras coloridas nos espelhos das suas águas. O romantismo é sufocado pelos prazeres carnais. Veneza espalha labaredas por suas águas.
A Piazza de San Marco é tomada pelos Arlequins, Pierrôs e Colombinas encobertos por capas de tecidos luxuosos e diademas incrustados de diamantes. Trazem nos rostos as máscaras dos libertinos trabalhadas pelas mãos lascivas de Catharina,