Só mais uma

Os dois chegavam até a casa dele. Ela, olhando fixamente aos olhos dele enquanto sentia o doce perfume que a camisa dele exalava. Ele, abraçando-a numa força perfeita: forte o suficiente para que ela se sentisse segura em seus braços e fraca o suficiente para que ela continuasse livre para sair de perto, caso desejasse. Mas ele sabia isso era última coisa que se passava na cabeça dela naquele momento. Ela queria entrar. Ele abriu a porta e entrada foi quase automática. Ambos sorrindo, como se estivessem cumprindo algo que gostariam de fazer a muito tempo. Foi depois de ele tirar um belo embrulho de cima da mesa e levar até as mãos dela, que ela percebeu o quanto ela era especial.

Os dois estavam em sintonia. Ela, encantando-se com o belo presente que havia ganhado. Ele, feliz em ter provocado aquela aparência sincera de alegria nos olhos dela, agora tão brilhantes quanto os dele. Mas, aquilo não passava de uma faísca para acender ainda mais o fogo do desejo que existia no ambiente. Ambos sentindo a mesma vontade, com a mesma intensidade que jamais poderia ser descrita com palavras. Em poucos segundos, ela estava em cima dele e ele, dentro dela. Foi depois de sentir o corpo dele no seu com toda a força e malícia à qual ela poderia agüentar, que ela percebeu o quanto ele era especial.

Os dois ficaram exaustos. Ele, levantando-se prontamente após dar nela um sonoro beijo. Ela, extasiada com a maravilhosa fantasia que acabava de realizar. Ambos haviam gostado. Ele olhou para ela com um olhar sério e uma expressão nobre enquanto ela levantava para continuar junto dele. Foi depois de ouvir ele dizendo que queria algo mais dela, que ela percebeu que ele não era só mais um.

Os dois foram até o quarto dos fundos. Ele, com a ansiedade de quem tem algo de importante para fazer. Ela, com a curiosidade apaixonada de quem confia em outrem. Ambos andavam rapidamente. Ele a pediu para entrar no quarto antes dele e acender a luz. Neste momento, ela se surpreendeu. Sentia um cheiro estranho vindo do quarto e, quando pôde finalmente enxergar, levou ainda alguns segundos para entender. O coração dela batia como nunca antes. Ele entrava no quarto, sorridente. Ela observou com asco e desapontamento dezenas de cabeças que lá estavam de certa forma guardadas. Foi depois de olhar pra trás e ver nas mãos dele um machado, que ela percebeu que era só mais uma.