PROVIDÊNCIAL


      Num derradeiro esforço bateu na porta. Uma, duas e quando ia bater a terceira,conseguiu ver o belo sorriso de um menino ,que ao abri-la gritou:
      Vovô,...vovó, tem um moço caído aqui na porta, e ele está sangrando muito...Vem depressa vovô ,... vem ajudar ele !

    Foram as últimas palavras que Beto ouviu antes de desmaiar,  pois havia perdido muito sangue ,provocado pela facada que havia levado de um assaltante há alguns minutos atrás . Acordou no hospital da cidade e ficou sabendo o que havia acontecido após ter entrado em coma. Eram passados doze dias de sua estadia forçada . Seu pai, sua mãe e irmãs  estavam presentes e todos estavam com ar de alegria por vê-lo abrir os olhos.        Após as manifestações de carinho, perguntou ao enfermeiro e ao pai como viera parar no hospital, pois tinha uma vaga lembrança do menino que lhe abriu a porta e do pedido dele ao avô. Ouvindo um relato surpreendente :
    - Você foi trazido por uma viatura policial, que ao fazer ronda nos bairros, o encontrou estendido no hall de uma velha casa abandonada. E o mais incrível ,é que no profundo corte tinha uma bandagem misturada com barro e ervas, o que certamente estancou a hemorragia e salvou sua vida. Os guardas que o trouxeram , afirmam terem visto um vulto entrando nas ruínas e quando foram investigar, encontraram-no caído.
    - Mas...e o menino, o menino que me abriu a porta?
    - O que sei- respondeu o enfermeiro- é o que o policial registrou e contou ao medico. Nada falou sobre nenhum menino.
      Beto abraçou a mãe e as irmãs, e juntos rezaram um “Pai Nosso”, enquanto o enfermeiro saia junto com seu pai, para tratarem dos documentos de alta hospitalar.  Quando o pai voltou ,trazia junto a si, uma cadeira de rodas, para que ele sentasse e pudessem sair do quarto e do hospital. Insistiu com o pai para que antes de irem para casa, passassem à frente da tapera onde havia sido encontrado pela policia. A sua surpresa foi grande ao ver que nas ruínas não existia nem janelas e muito menos porta, e a pergunta feita a si mesmo foi:
    - Mas afinal , onde está a porta em que bati?... E o menino ? ...E o avô,... a avó ?
    Quando seu pai freou o carro e ele ouviu o som estridente de motor automático, que abre o portão da garagem, voltou à realidade e com um sorriso maroto disse a mãe:
      - Minha querida, naquela casa aconteceu algo que talvez eu nunca venha a explicar, mas que vou tentar achar a resposta...Ah!...isso eu vou;  é claro que vou, custe o que custar!
        Pouco dias depois, ao pesquisar na Internet, descobre que naquela casa havia morado um casal de idosos, e que juntos ao seu pequeno neto; um menino chamado Heitor, haviam sido trucidados por uma quadrilha de traficantes porque  ele havia se negado a fazer parte do bando.
       Beto descobriu o cemitério e o tumulo onde estavam os três, e a partir desse dia, passou a levar-lhes flores em agradecimento pela sua interferência, a qual certamente salvou a sua vida.  
 
Gildo G Oliveira
Enviado por Gildo G Oliveira em 19/11/2009
Reeditado em 04/02/2017
Código do texto: T1933142
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