A sedução, o jogo, a morte †

Daniel estava entrando em casa trazendo consigo sua nova namorada. Ele era um homem muito atraente; alto, loiro, pele clara e um jeito gentil e rude estranhamente ao mesmo tempo.

- Nossa, que casa incrível – elogiou Melissa, a namorada, pele morena, cabelos compridos e com franja.

- A casa era realmente incrível, além de ampla e arejada tinha objetos de decoração de várias partes do mundo.

- Obrigado – disse Daniel depois de trancar a porta e guardar a chave no bolso de trás da calça – Quer uma bebida?

Melissa concordou enquanto mexia em um baú preto.

- Queria ter uma casa assim algum dia ...

Daniel riu, sabia o que ela queria dizer e quis criar expectativas.

- Pode ter essa, algum dia.

- Posso? – Melissa deu um sorrisinho.

Daniel trouxe duas taças de vinho, entregou uma a Melissa e ligou o som. Depois do primeiro gole os dois se beijaram intensamente. As músicas foram rolando junto com a bebida, os beijos e as mãos em lugares cada vez mais escondidos.

Discretamente Daniel começou a guiar Melissa pela casa segurando sua mão.

- Aonde você tá me levando? – perguntou ela já um pouco alterada pela bebida.

- Você vai descobrir quando chegar lá – Daniel aumentou o mistério.

Melissa já tinha na cabeça que provavelmente eles iam para um quarto, normal, afinal eles estavam namorando e era a primeira visita dela à casa. Eles subiram dois lances de escadas e Daniel abriu uma grande porta preta o final do corredor.

- Bem vinda a sua nova casa – disse ele sorrindo.

- Não bem assim, meu bem...

- Ah, é sim!

Nesse momento Daniel empurrou a mulher para dentro e entrou também. Não era exatamente um quarto. O lugar era terrível, havia cinco jaulas, quatro delas ocupadas por mulheres adormecidas, as paredes estavam sujas de sangue e lama assim como o chão e umas partes do teto. Nas paredes também havia marcas de pedaços arrancados que denotavam luta e restos de roupas e sapatos estavam jogados no chão. A iluminação era fraquíssima.

- Isso é algum tipo de jogo? Isso não é real, é? – Melissa estava tremendo – porque se for quero que isso acabe agorinha mesmo.

- Jogo? É um bom jeito de chamar – disse o homem que agora tinha os olhos brilhando.

Ele abriu a grade da jaula vazia e empurrou Melissa com força para dentro. Ela gritou desesperada sem saber o que acontecia.

Daniel adorava aqueles gritos, era melhor ouvir aquilo do que a música que ainda tocava lá em baixo.

- Sabe, Melissa, tenho certeza que quando você sabia aquelas escadas comigo estava querendo uma coisa e agora... tchan nã nã, vai ter!

Daniel tirou Melissa da jaula, a beijou segurando os cabelos dela para trás e contra a vontade dela, eles transaram.

Ao terminar ela foi jogada de volta na jaula e se encontrava num estado deprimente, suada, suja e em lágrimas.

Daniel deixou um copo de água com sonífero ao lado da jaula de Melissa e saiu. Ele desligou o som, lavou as taças e tomou um banho tranqüilo e relaxante. Quando voltou ao quarto Melissa também estava dormindo, ele se surpreendeu, geralmente elas demoravam bem mais para beber a água.

Era chegada a hora. Com um bastão de metal que estava no canto do quarto ele acordou as mulheres batendo nas grades das jaulas. Melissa sentia a pior dor de cabeça de sua vida.

- Como disse Melissa, vamos começar o jogo, ladies, acordem!!

As mulheres iam abrindo os olhos pouco a pouco e lembrando-se de onde estavam. Uma a uma Daniel entrou nas jaulas e as amarrou, Melissa conseguia sentir o revólver dele em suas costas.

- Por que você está fazendo isso Daniel, por quê? – Melissa estava em total estado de agonia.

- Por que nós rimos quando alguém cai? Por que o céu é azul? Qual a fórmula da coca-cola? Questões complexas, não? – Apertado o nó entres as mãos dela.

Em fila indiana ele levou as cinco para o grande espaço no subsolo da casa que era mil vezes maior e pior do que o quarto das jaulas.

Era muito sujo, sujeira de sangue, poeira e restos mortais. Havia no canto uma grande caixa de metal de onde vinha o pior cheiro. As paredes, o teto e chão era acinzentados e havia metal, pedras e madeira espalhados.

Daniel disse cortando as cordas das mãos das mulheres:

- Melissa, adorei a idéia de jogo, sempre vi isso como uma caça, mas jogo é melhor. O... Jogo é bem simples. A única coisa que vocês tem que fazer é se manterem vivas. – Ele sorriu.

Ele ligou o cronômetro na parede e bateu palmas.

- Vamos, garotas, movimento!

Elas não se mexeram. Daniel bateu com força com a barra de ferro na perna de um ruiva que saiu mancando, as mulheres pareceram ter cordado de um transe e correram para longe dele.

Sem rumo e sem saber o que fazer elas corriam, a ruiva que mancava foi a mais fácil para Daniel,um golpe certeiro a quebrou o pescoço. Havia outra muito perto que tinha desistido, estava parada esperando sua hora. E não demorou, morreu como a outra.

Restavam três, uma delas não deu sorte e acabou encurralada pelo rápido homem que se movia com habilidade, era um assassino nato.

Alguns minutos se passaram e a correria começava a cansar as duas sobreviventes. Daniel também cansava aos poucos, mas ele adorava aquilo, sentiu orgulho dele mesmo quando conseguiu acertar uma pedra na cabeça de uma delas, ele gargalhou.

Agora só restava Melissa, a que estava mais alerta e tinha sofrido menos. A única lâmpada do lugar estava começando a falhar.

- Pare, Daniel, você não precisa fazer isso! – Ela tentava acalmar a situação.

- É, realmente não preciso, mas quero!

Melissa se recolheu no canto mais escuro que existia. Daniel arrancou uma corrida até ela, ele a agarrou mas soltando seu último grito de força ela se soltou e arrancou o revólver da parte de trás da calça de Daniel e sem piedade ela atirou na cabeça dele três vezes.

Em quatro anos de... Jogo Melissa foi a única que conseguiu dar pontos as mulheres segundo um quadro que ela não tinha visto antes na sala da casa.

Olavo Ataide
Enviado por Olavo Ataide em 19/11/2009
Código do texto: T1932665
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