Três vidas, uma escolha.
Ela retorna imediatamente para a sala, fica esperando que Ana desça, está transtornada, mas quer apenas assustar sua “rival”, dizer que vá tentar a sorte com outro homem. Ana desce e nem percebe que outra pessoa a espera, está tão esfuziante que parece no céu. Quando Walkiria interrompe-a do devaneio, essa assustada e, de pronto, tenta correr, mas escorrega, bate com o braço na mesa, parece ter quebrado. Walkiria se ri, vem de encontro a Ana, dizendo que não vai doer, e que isso é só para ela aprender a não se meter com o seu marido. Ana tenta argumentar, pergunta sobre o que ela está falando, a outra diz para ela não se fazer de desentendida, que André é seu esposo, Ana diz que ele nunca tinha dito isso, que ela não sabia, exige que Walkiria saía de sua casa. Ao mesmo tempo pergunta aonde está André. Que ele pode comprovar que se conheceram naquela semana. Walkiria então quer continuar o serviço, vê que Ana está ainda caída, pisa no braço quebrado, e diz que ela deve pedir perdão e jurar que nunca mais vai ver André. Ana chora, promete, está ficando desesperada por causa da dor. Walkíria é impiedosa, levanta sua vítima e tenta atemorizá-la mais um pouco, no que Ana de supetão se desvencilha e bate com um pequeno jarro no rosto de Walkíria que revida empurrando-a, essa cai novamente bate a cabeça com força e fica ao chão, Walkíria verifica, está sem pulso, sem respiração, parece morta. Walkiria é quem se desespera, vê tudo ficar fosco, turvo e desmaia junto à cama. Quando abre os olhos o corpo está lá no chão, Ana tinha morrido mesmo. (...)
Ana lembrou-se de como tudo aquilo acontecera. Ela saindo do banheiro depois do banho e estava se vestindo. Pegara uma blusa para compor com a calça nova. Ia a um encontro, que deveria ser um dos mais felizes da vida dela. Separada, depois de um bom tempo sofrendo, tinha resolvido voltar a viver. André a convidara, rapaz que parecia ser um sonho. Deslumbrante no trato com as pessoas. Tinha vindo mais cedo do que o combinado, ela o deixara entrar em casa, e esperar na sala. Depois de conversarem e rirem a respeito de algumas coisas, principalmente do que a noite prometia. Ela pediu licença foi se arrumar, ele continuou na sala. (...)
Walkíria ali, começou a lembrar-se de como tudo tinha acontecido. Seu marido, sempre tivera seus casos, mas ultimamente estava muito diferente, parecia apaixonado e não era por ela, então decidiu ir à luta em defesa do seu casamento. Dominava-o, mas também sabia que esse domínio era para “inglês ver”, pois ele se fazia dominado. (...)
André acorda dentro do porta malas, forte dor de cabeça, vêm a sua memória que estava na sala da casa de Ana quando batem à porta, André espera um pouco, como Ana não vem, ele vai atender, leva um susto é sua mulher, Walkiria. Que não fala nada, apenas faz sinal para que ele a siga, este aturdido, obedece, ela o envolve de tal modo que quando se dá conta, está algemado dentro porta malas do carro, Walkiria usara clorofórmio. (...)
Walkíria estava deitada as mãos trêmulas, o sangue ainda escorria pelo canto da boca, nervosa, não sabia como aquilo poderia ter acontecido, nunca imaginara fazer tal ato. E agora, o que faria, o que seria dela, e se descobrissem. Chorou e como um passe de mágica, ergueu-se, procurou o banheiro, lavou o rosto, retocou a maquiagem passou por cima do corpo e saiu. Abrindo a porta do carro ela vê um vulto no lado de dentro da casa, quase desmaia, quase tem um “treco”. De duas uma, ou tinha alguém dentro da casa e vira tudo o que ocorrera, ou ela não morrera. Não conseguia se manter em pé e nem entrar no carro tamanho foi o descontrole. Decidiu voltar, pois agora tinha que se certificar, deixar como parecia, iria ser perigoso demais, não podia deixar testemunhas, não podia. Machucada, nervosa, mas decidida a terminar o que infelizmente começara. Voltou, pé por pé, encostou à parede com receio de ser alvejada com alguma coisa, estendeu o braço e pôs a mão na maçaneta da porta, recolheu, recuou, tinha que equilibrar a respiração, estava com a adrenalina a mil, estava por desfalecer, mas não havia outro jeito, voltou à porta, abriu de uma vez, o corpo não estava mais lá, isso era terrível, além de não ter morrido ainda tinha escapado, o que ela faria, tentou não desesperar mais do que já estava. Respirou fundo, esgueirando-se pelos cantos, olhando de onde poderia vir o ataque. De repente ficou escuro desligaram a energia. Parecia que tudo estava contrário. Concentração, concentração pensava. Viu mais um vulto, agora do lado de fora, outro vulto, agora do lado de dentro, eram duas pessoas, ou ela estava conseguindo “brincar” e atordoá-la. Acostumada com a escuridão ja conseguiua ver algumas coisas. Viu uma faca em cima da mesa, pegou-a, com uma rapidez impressionante, sentiu-se mais segura com aquela possível arma de defesa. Um rastro de sangue seguia para o quarto. Pelo menos uma pista para ajudar, se o sangue era tanto então ela devia estar bem ferida e não seria difícil dominá-la e dar cabo da execução. Encontrou um cantinho, parecia seguro e bem colocado para esperar, ficar de tocaia. (...)
Walkiria pensara que Ana estava morta, mas esta apenas estava desacordada, no calor da briga ela não conseguira perceber isso, e agora estava em apuros, pois não sabia o que ocorrera. Ficara confusa se alguém estava na casa além dela, Ana e André, ou se Ana conseguira se safar daquele tombo, que para ela tinha sido fatal. Nem se lembrara de olhar o porta malas quando foi para o carro, será que André tinha conseguido escapar, impossível, estava algemado. (...)
Por seu lado André recobrara os sentidos e viu que estava no porta malas do carro, embora algemado uma das algemas não estava trancada, Walkiria estava fora de si o tempo todo e não conferiu ao certo. Conseguiu empurrar o banco de trás e sair do carro, nisso machucou a perna que sangrava. Retornou a casa e viu Ana no chão, Walkíria desfalecida na cama, preferiu acudir Ana, arrastou-a até outro cômodo da casa, buscou no quarto panos para tentar melhorar o ferimento na cabeça de sua nova conquista. Estava com muito medo, nunca tinha visto Walkiria desse jeito. Em suas andanças de “Don Juan” não pensara que um dia estaria daquele jeito e naquela situação. (...)
Ana acorda, está zonza e nos braços de André, não consegue concatenar as idéias, mas aos poucos vai conseguindo, lembra-se que André é um salafrário, começa a ficar histérica, nisso acorda Walkíria, ele consegue dominar e explicar a Ana do perigo que estão correndo. Que precisam se esconder até conseguir socorro (...)
Agora Walkíria “de tocaia”, por não ter escolha, com medo pois não sabe o que lhe espera...
Ana está nos braços do seu traidor, por não ter escolha, também está com medo...
André está com muito medo, tenta pela primeira vez, por escolha, fazer algo que valha a pena...
Três vidas, uma escolha.