A Escolha - (meu conto do livro Vampirus Brasil)
Do livro VAMPIRUS BRASIL – SEDUÇÃO, FASCÍNIO E TRAIÇÃO
A Escolha
WILLIAN ALTALI S. AGUDO
No Oeste da França em Vale do Loire, na intacta cidade de Loches, o jovem parisiense Jacques Garnier, de 25 anos, estudante de jornalismo e amante de fotografia, irá viver uma experiência fascinante, perigosa e trágica, em que terá que fazer uma difícil escolha em sua vida.
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Loches era uma cidade tranqüila, com portões em um estilo gótico tardio, e fachadas esculpidas. Seu châteaux domina a paisagem e segundo a lenda, teria os piores calabouços do Loire. Foi também em Loches que Joana D´arc rogou ao rei que cumprisse sua promessa de ir a Reims para ser coroado.
O jovem Jacques estava passando por uma fase difícil em sua vida, havia acabado de romper seu noivado com a Pauline, uma também autêntica jovem parisiense, de seus 23 anos de idade, que se mudara para Boston, nas Américas, para estudar economia. Jacques, muito infeliz com o rompimento, aproveitou as férias para viajar rumo ao oeste da França, que ainda não conhecia a não ser pelas histórias e fotos que encontrava nos livros.
Escolheu então começar sua viagem pelo vale do Loire, passando por Indre, Loiret, Cher, além de uma dezena de outros vilarejos e pequenas cidades. Lugares conhecidos por seus suntuosos châteaux, relíquias de épocas antigas, ricas em história e arquitetura.
Acreditava que a região representava o verdadeiro estilo de vida francês, sendo um excelente cenário para um amante da fotografia como ele.
Tendo chegado à cidade de Loches por volta das três da tarde, procurou logo uma pensão para que pudesse se hospedar.
Embora fosse temporada de férias, quando os hotéis e pensões costumavam ficar lotados por turistas, havia pouco movimento na cidade aquele ano. Após andar um pouco, Jacques encontrou um hotel, onde alugou um quarto e aproveitou para descansar, pois estava exausto de tanto subir e descer vilarejos e montanhas para
fotografar as paisagens. Ao cair da noite, um pouco depois das oito, acordou, e após tomar um banho, decidiu dar uma volta pela cidade a procura de algum lugar para uma refeição, onde poderia aproveitar para fazer contatos com os habitantes da cidade, conhecer as histórias dali, e obter dicas de bons lugares para fotografar.
Próximo ao Châteaux de Loches, Jacques encontrou um restaurante aberto, pequeno, mas aconchegante. Havia alguns turistas e moradores locais nele, o que era uma ótima oportunidade para obter informações. Ao entrar no restaurante, procurou por algum lugar vazio para sentar-se, encontrando uma mesa vaga, recostada à parede. Era um ótimo lugar para observar o movimento das pessoas
que ali estavam e das que chegavam, apesar de também ser um lugar para ser observado por todos. Entretanto isto não o incomodava, pois na verdade queria mesmo ser notado, até mesmo atraindo alguém que lhe fi zesse companhia. Aproveitando que estava no oeste da França, Jacques optou por experimentar algum prato típico da região. Para acompanhar, pediu também um saboroso vinho branco Le Mont e para a sobremesa um delicioso Tarte Tatin. Saboreava tudo com satisfação e, no momento em que sorvia novamente o vinho, uma bela jovem, loira, de olhos azuis bem destacados pela maquiagem, com um nariz acentuado e uma boca encantadora com lábios finos, usando um batom avermelhado aproximou-se dele.
Jacques percebeu seu corpo bem cuidado, de belas curvas, coberto
apenas por um leve vestido preto, que o modelava ainda mais.
— Um parisiense, aposto! Acertei?
Jacques foi pego de surpresa, olhou para a garota e respondeu
com bom humor:
— Ah! Tão evidente assim? Juro que tentei disfarçar.
Neste momento os dois soltaram leves risos. Jacques, como
perfeito cavalheiro, educado nos moldes tradicionais parisienses,
levantou-se para apresentar-se a ela.
— Deixe-me apresentar, mademoiselle. Sou Jacques Garnier.
— Prazer em conhecê-lo, Jacques. Sou Sophie Blanc Gimmonet!
— Respondeu a garota, com um leve e encantador sorriso.
Passadas as apresentações, Jacques a convidou para lhe fazer companhia, puxando a cadeira para que Sophie sentasse. Conversaram enquanto jantavam. Jacques lhe contava sobre sua vida, incluindo seu recente rompimento de noivado, que foi o grande motivo de sua viagem solitária. Sophie o escutava atentamente, interessada no que ele lhe contava, demonstrando estar muito atraída por ele. Além de bela, ela também era uma jovem misteriosa.
Durante a conversa não falava muito de si mesma e, quando Jacques lhe perguntava algo pessoal, ela desconversava ou respondia fazendo outras perguntas a ele, que, de tão encantado que estava pela beleza de Sophie, não se importava em não conseguir saber mais sobre ela. Em verdade, ele se encantava ainda mais com o mistério dela. Mas entre risos e conversas, a hora aproximou-se
da meia-noite e Jacques sinalizou ao garçom pedindo que encerrasse a conta. Ao se retirarem do restaurante, Jacques perguntou para Sophie onde ela estava hospedada.
— Sou daqui de Loches, moro em um casarão que fica nos arredores da cidade.
Jacques então se ofereceu para acompanhá-la, ao que Sophie agradeceu. Tomaram um carro de praça e seguiram para os arredores da cidade. Ao chegarem a frente do casarão dela, que, por sinal era mesmo imenso, com uma arquitetura medieval. Seus dois andares, construídos com pedras lhe emprestava um aspecto muito sombrio. Jacques lhe agradeceu pela maravilhosa companhia, dizendo que havia gostado muito da noite e que gostaria de vê-la novamente. Sophie então o surpreendeu, ao convidá-lo para conhecer o casarão e provar um bom vinho tinto, estendendo a conversa.
Aceitando, Jacques entrou no casarão, admirado com a profusão de quadros com a imagem de pessoas que forravam as paredes.
— Quem são esses? — Ele pergunta.
— Meus ancestrais! — Foi sua resposta.
Jacques estava impressionado, tudo ali era misterioso e sombrio, chegando a lhe causar arrepios. Acomodaram-se no sofá de dois lugares que havia na sala, Sophie pegou uma garrafa de vinho tinto e ficaram a conversar. Ela não falou muito sobre sua vida, mantendo assim o seu mistério e Jacques, fascinado com isso, ampliava seu encantamento por ela, como se enfeitiçado. Ao sentir o delicioso perfume que vinha do corpo dela, ele então a desejou.
Na sua mente apenas pensamentos perversos transitavam. Quando uma segunda garrafa de vinho foi aberta, os dois já estavam muito próximos um do outro. Riam, gargalhavam, e às vezes, ela chegava a encostar a cabeça sobre o ombro de Jacques. Foi em um destes momentos, que ficaram frente a frente, olhares fixos um para o outro e em silêncio. Num ato inesperado, Sophie se aproxima de Jacques e o beijou, sendo correspondida com a revelação do desejo dele. Ao interromperem o beijo, mais uma vez voltaram a se olhar fixamente, para logo depois retomarem com mais intensidade.
Em seguida deitaram-se no sofá e o clima esquentou. Logo começaram a despir-se um ao outro, dando início por Sophie, que tomara a iniciativa desde o começo, sendo seguida por Jacques que também a despia enquanto apreciava cada detalhe de seu delicado e formoso corpo. Ao ficarem completamente nus, Jacques tomou o controle, beijando-a com ternura e desejo, agarrando- lhe os seios perfeitos, não grandes, e não pequenos, sendo proporcionais ao seu corpo magro e bem formado. Ele acariciava os mamilos com sua língua, fazendo-a contorcer-se de desejo. Ao passo em que ia descendo, beijando-a por todo o corpo, passando
sua língua pela barriga até o umbigo, tomou coragem para descer até chegar suas coxas, sentindo o intimo da fêmea, úmido e quente.
Sem resistir, provou-a, mergulhando sua boca e saboreando-a como ao seu doce predileto. Neste momento, Sophie já delirava de intenso prazer, gemendo enquanto pedia que Jacques a invadisse com toda sua energia. Queria senti-lo dentro de si. Seu pedido foi atendido, com ele ficando sobre ela, a penetrando o mais lentamente que conseguia suportar. Logo passou para intensos movimentos de vai e vem descontrolado. Sophie o prendia com suas pernas e arranhava suas costas até sangrarem, mas Jacques não sentia a dor, estava anestesiado pelo prazer, e a invadia mais ainda, com todo seu vigor. Era um momento intenso, com prazer explícito em ambos os rostos.
Sophie, num movimento brusco, girou o corpo fazendo os dois caírem do sofá para o chão. Começaram a rir, mas logo retomaram o ritmo frenético anterior. Desta vez, Sophie é quem ficou sobre o corpo de Jacques, pegando seu membro e guiando para dentro de si. Ela estava ensandecida de tanto prazer e, estando no domínio, arranhava o peito de Jacques sem se preocupar ao fazê-lo sangrar. Seus movimentos eram intensos e contínuos, subindo e descendo cada vez com mais força e maior profundidade. Sentia-o completamente dentro dela, ao passo em que ele a segurava fortemente nos seios. O coração de Sophie batia acelerado e Jacques inclinou seu corpo para cima indo na direção aos seios dela, juntando- os com suas mãos enquanto os lambia simultaneamente, mordendo- os e fazendo-a gemer. Ela segurou o rosto de Jacques com as mãos, aplicando-lhe um beijo extremamente suculento e vigoroso.
— Quero seu precioso líquido viscoso sobre meu corpo
— ela sussurrou em seu ouvido.
Jacques entendeu o pedido e rapidamente abraçou Sophie, girando-a, colocando-a deitada no chão, ajoelhando-se sobre ela. Seu sêmen jorrou sobre o corpo dela, que gemia de ainda mais intensamente e apertava as pernas de Jacques, que após esguichar todo seu líquido, inclinou-se até sua boca e a beijou. Uma forte dor de cabeça se apossou de Jacques naquele momento, acompanhada de um súbito estremecimento, fazendo-o desmaiar.
Ao despertar percebeu que estava preso em uma espécie de cela subterrânea. Na parede havia correntes, o que o assustou. Gritou por ela e no mesmo momento, escutou um grito de uma mulher parecendo igualmente em apuros. Pressentiu que pessoas se aproximavam da cela, ouviu alguém chorando, parecendo ser a mesma pessoa que estava gritando antes. Pensou em Sophie e urrou seu nome. No entanto descobriu que não era Sophie quem chorava, ao ver pessoas se aproximarem da cela. Um homem alto, de cabelos compridos e grisalhos, vestindo um enorme sobretudo preto, trazia consigo uma garota, colocando-a na mesma cela de Jacques. A garota estava apavorada, encolhendo-se imediatamente em um canto da cela. O homem partiu sem nem mesmo encara-lo.
— O que está acontecendo? Quem são essas pessoas? Onde está Sophie? — perguntou sem saber se a mulher poderia responder a alguma dessas perguntas.
Neste momento a jovem o encarou.
— São monstros. Demônios! Querem nosso sangue — respondeu
em tom franco.
Jacques não entendia o que ela dizia. Ou não queria entender.
— Quem é você, qual seu nome? — Prossegui as perguntas,
apavorado.
— Sou Nicole Lafaiét Poujeaux, de uma propriedade rural
de Loches. Eu estava olhando as estrelas como sempre faço, quando
este monstro apareceu e me trouxe para este lugar.
Nicole era bela e jovem, com longos cabelos ruivos e pele clara. Seu rosto arredondado era enfeitado por lindos olhos verdes e lábios carnudos. Mesmo naquela situação ele percebeu seus seios fartos e o corpo robusto, pois ela se vestia como uma camponesa.
Aproximando-se dela, ele a abraçou com força, como se pudesse protegê-la. Estavam muito assustados e nada sabiam, além do fato de que estavam presos em uma cela, e que tinham que escapar dali. Minutos depois alguns homens entraram e ele tentou reagir. Foi golpeado com a mesma facilidade que a mulher
em seus braços e os dois perderam a consciência. Quando acordaram, estavam deitados um ao lado do outro, sobre um túmulo, amarrados por cordas.
Sophie então apareceu e Jacques bradou por ajuda, sem perceber que ela não estava ali para ajudá-lo. Logo depois dela apareceu o homem misterioso com as vestes negras.
— Saudações mortais! — ele bradou. — Sintam-se privilegiados em contemplarem este momento importante que resultará em um novo domínio do mundo. Sintam-se honrados, pois será de seus sangues que nosso Rei retornará para governar.
Neste momento o velho soltou uma intensa gargalhada, fazendo Nicole entrar em desespero. Ela se debateu na tentativa de se soltar, porém foi em vão. Jacques olhou fixamente para o velho.
— O que vai fazer e quem é você? O velho então direcionou o olhar para Jacques em fúria.
— Gerard Gimmonet e vocês estão aqui para servir nosso mestre Viktor com seu sangue.
Mais uma vez o velho soltou uma gargalhada e em seguida deu um sinal com as mãos para que Sophie desse prosseguimento no ritual, ela se aproximou de Nicole e com um punhal rasgou-lhe o espartilho deixando-a com os seios a mostra. A seguir derramou sobre ela um líquido, cujo perfume parecia enfeitiçá-la. Sophie postou-se sobre Nicole e inclinou-se até boca para beijá-la. Após o beijo, com o punhal, ela fez cortes nos pulsos de Nicole fazendo o sangue escorrer para dentro do tumulo. Jacques assistia tudo com ódio.
— Demônios! Demônios! Deixem-na em paz — gritava. O velho pressentia o sangue de Nicole alimentando o corpo de Viktor e em voz alta invocou:
— Mestre Viktor, alimente-se do sangue fresco e desperte para o teu reinado.
Neste momento raios e trovões começaram a surgir. A cripta fria começou a tremer, quando em um repente, um forte estrondo veio acompanhado do um alto grito de Nicole, causado pelo braço de Viktor que atravessou não só o túmulo como também o corpo da jovem. Todos olharam, apenas enxergando o braço de Viktor atravessado no corpo de Nicole, segurando seu coração na mão, ainda pulsante.
Jacques ficou em choque com aquela cena ao seu lado. Ocorreu um novo estrondo e o corpo de Jacques foi arremessado contra uma lápide próxima. Viktor havia despertado e se erguido de seu túmulo. Gerard e Sophie se curvaram diante de seu mestre, que apenas seguiu na direção de Jacques, o apanhando pelo pescoço, colocando-o de pé. Com um movimento rápido ele mordeu o pescoço de Jacques alimentando-se com seu sangue.
Após saciar-se, largou-o inconsciente no chão. Apenas depois se dirigiu a ela, que o aguardava com o pescoço a mostra. Ele a mordeu, absorvendo o sangue e as lembranças que ela guardava até o momento. A Seguir passou para Gerard. Desperto e saciado pelo sangue, e com todas as lembranças rememoradas, estava pronto para dominar a humanidade e espalhar seu terror.
Passaram-se muitas horas, mas Jacques recobrou a consciência. Quando olhou a sua volta, notou estar em um quarto muito bem decorado, de forma bem aristocrática. Sophie se aproximou dele com um sorriso no rosto, vestindo um corpete e uma longa saia, ambos negros e adornados com vermelho.
— Como se sente meu amor? Jacques ficou assustado em vê-la.
— Não sei... Tive um pesadelo terrível... Sophie estendeu sua mão na direção de Jacques e pediu que a acompanhasse. Ainda assustado e não totalmente recuperado, a acompanhou até uma sacada. Ali ela o encarou nos olhos e o beijou.
Ao separarem-se, pediu para que olhasse para baixo. Jacques ficou perplexo com o que viu: centenas de corpos espalhados pelo pátio, ao redor de uma imensa fonte, cuja água estava vermelha pelo sangue nela derramado.
— Está vendo, meu amor? Isto é o que acontecerá a todos. O mundo agora está sobre um único domínio: o de Viktor. — disse em seu ouvido.
Ele estava atônito. Não sonhara com nada afinal.
— Você pode escolher ser um de nós, ou um deles — disse, apontando os corpos. — Amo-te e não quero vê-lo entre esses corpos. Escolha ser um de nós e juntos, ao lado de Viktor, nós também reinaremos.
Jacques não acreditava no que via e ouvia de Sophie. Pediu para que tudo não passasse de um pesadelo. De seu pranto, saíram as lágrimas desprovidas de esperança. Ele preferiu distanciar-se da dor e entregar-se a sua paixão por Sophie, mesmo sabendo o que ela era. Naquele momento desejava morrer, mas olhando-a, desistiu da idéia. Fez então a escolha mais difícil de sua vida.
Jacques escolhera ser um deles, traindo sua natureza, seu passado e sua vida. Mas teria aquela mulher eternamente.