Lavínia - PARTE I
Lavinia era uma doce garota. Sempre fora boa filha, boa aluna, boa amiga. Sempre esforçou-se para ser aceita, sempre esforçou-se para ser amada. Talvez fosse esse o problema: ela sempre se esforçara para ser boa, mas nunca fora boa realmente. Morava com seu pai e sua mãe em um bairro humilde, porem muito digno, ate os 15 anos. Foi quando sua mãe abandonou a ela e a seu pai para viver com um garoto pela qual se apaixonou. Lavinia sempre negara para si mesma que isso a tivesse abalado, mas sabia muito bem que isso a deixara em ruínas. Ainda mais pelo fato de o garoto com que sua mãe fugira era seu primo mais velho, por quem Lavinia sempre fora apaixonada. Sentira-se duplamente traída. Decidira nesse instante que não se entregaria a homem nenhum, e que não amaria pessoa alguma, jamais, fosse quem fosse.
Depois do abandono de sua mãe seu pai começou a beber, e com a bebida no sangue batia e a estuprara várias vezes. Mas Lavinia não se abalava, era forte. Sonhava com o dia em que aquele velho infeliz fosse embora também. Por volta de um ano depois de sua mãe ter ido embora ele perdeu o emprego. Viveram, então, do pobre emprego de Lavinia, que era babá. Durante o dia cuidava de duas crianças que mais pareciam dois demônios, e a noite estudava.
Lavinia odiava o seu trabalho, odiava o seu pai.
Ela não tinha amigos, odiava todos os seus parentes. A única pessoa que mexia com ela de uma forma inexplicável era uma colega da sua classe: Laura. Lavinia se sentia atraída por ela. Laura era sempre simpática com ela, extremamente atenciosa. E apesar de não serem grandes amigas sempre se sentavam perto. Não sabia ao certo o que sentia por Laura, mas negava-se a aceitar que talvez fosse amor. Lavínia dizia a si mesma que devia ser amizade, carinho, pois nunca se sentira atraída por mulheres, e inclusive já havia transado várias vezes com seu primo que fugira com sua mãe e também com um cara repulsivo com quem ficara numa festa.
Exatamente 3 meses antes do seu aniversário de 18 anos o telefone tocou e ela recebeu a noticia de que seu pai acabara de morrer atropelado. Lavinia não conseguiu sentir-se triste, também não conseguiu esboçar nenhuma cara de dor ou lágrima. Seu pai sempre fora um ser repulsivo, inclusive já abusara sexualmente dela diversas vezes. Sentiu um imenso alívio, isso sim. Sozinha, em seu quarto pensou: Chegou o dia de me libertar, chegou a hora de ser eu mesma. A partir desse dia Lavinia era uma nova pessoa. Resolveu começar por Laura e o incompreensível sentimento que nutria por ela. O que as pessoas pensariam? Danem-se as pessoas. Lavinia agora era ela mesma, dona de si, auto-confiante, cheia de desejo e paixões a tanto tempo por ela escondidas.
Naquele mesmo dia, no intervalo da aula, avistou Laura. Linda como sempre, vestia uma calça jeans extremamente justa, uma blusa de um tecido muito fino, que deixava seus seios ainda mais adoráveis. Seu longo cabelo louro estava lindo, os cachos estavam perfeitos. Decidiu que a chamaria para ir ate sua casa nessa noite, precisava saber o que Laura sentia por ela, queria saber se realmente amava Laura como de fato pensava. Chamou-a para o lado, e disse:
- Laura, gostaria muito que fosse ate minha casa hoje, depois da aula.
Laura olhou-a com ar intrigado e finalmente disse:
- Está bem. Eu irei. Onze horas ta bom pra você? Sei que é tarde, mas tenho que avisar meus pais antes.
Lavinia concordou:
- Claro. Te espero as Onze.
Depois da aula Lavinia correu pra casa, tomou um banho e vestiu-se com uma calça jeans simples, e uma blusinha igualmente simples. Não queria que Laura pensasse que isso era um encontro muito especial. Deixou seu longo cabelo negro e liso solto.
As onze horas em ponto Laura chega, ainda mais linda do que na escola. Lavinia manda-a entrar e se sentar. Laura parecia nervosa.
- E então, Lavinia, o que você queria falar comigo? Confesso que estou um pouco curiosa.
Lavinia percebe que essa é sua chance:
- Queria dizer que amo você.
- Me ama? Como assim? – indaga Laura
- Te amo Laura, simplesmente. Eu sei que agora você vai querer fugir de mim, mas precisava contar.
- Fiquei surpresa... Mas nem tanto. Já desconfiava. Também sinto algo por você.
O rosto de Lavinia de ilumina num lindo sorriso como a anos não dava. Laura se aproxima e a beija, com muito ardor, e mesmo sem saber o que realmente fazer na cama com uma garota, as duas foram pra cama e passaram a noite toda juntas, se amando. No outro dia pela manhã, Laura vai embora, prometendo que voltaria a noite, depois da aula. Lavinia fica sentada, extasiada de felicidade. Era correspondida!
À noite na aula, Laura fica distante, mal responde o ‘oi’ de Lavinia. Mas ela releva, afinal de contas Laura deve estar um tanto confusa. Na hora do intervalo Lavinia esbarra propositadamente em Laura para ter uma desculpa para falar com ela:
- Oi Laura... Bom, creio que você deva estar confusa, tanto quanto eu, mas queria dizer que o que falei ontem a noite esta ainda mais forte hoje.
Laura sorri docemente e diz:
- Foi maravilhoso, Lavinia.
- Te vejo hoje a noite, no mesmo horário?
- Claro. Mal posso esperar.
Depois da aula Lavinia corre pra cara, toma seu banho, veste um vestido bem leve, penteia bem os cabelos e vai ate a sala esperar por Laura.
Já eram onze e meia e nada de Laura chegar.
Meia noite e quinze e nem noticias de Laura.
Lavinia fica decepcionada, mas chega a conclusão de que os pais de Laura não a deixaram vir.
Vai até seu quarto, veste seu pijama e ao se deitar chega a conclusão de que não esta com sono, e põe-se a pensar em Laura e seu corpo quente.
Seus pensamentos são interrompidos por um gemido baixo. Ela apura ainda mais sua audição, para ver de onde vem esse barulho. Ouve mais um gemido, um pouco mais alto, porém cheio de luxuria e desejo. Lavinia percebe que o som vem da casa de seu vizinho e vai até lá fora pela porta dos fundos, caminhando devagar para não fazer barulho. Sabia que não era certo espiar os outros, porem a curiosidade era maior. Foi ate lá, caminhando sorrateiramente. Viu que a janela do quarto dos rapazes estava aberta. Chegou mais perto. De repente Lavinia pára, os olhos arregalados, as pernas congeladas pela surpresa. Ficou realmente paralisada ao ver que os gemidos cheios de desejo eram de Laura, que transava loucamente com dois homens. A surpresa transformou-se em ódio quando Laura olha pra ela, ri, e fala aos rapazes:
- Olha ali a garotinha sem vergonha! Acho que a taradinha por garotas ta tendo a lição que merece.
Os rapazes nada dizem, apenas continuam o ato. Um a penetra e o outro beija seus seios.
Lavinia fica em choque, não sabe o que fazer e também não consegue sair dali. Garotinha sem vergonha? Como Laura pode chamá-la de taradinha por garotas? Amava Laura, e ela não podia fazer isso com ela! Passaram uma noite maravilhosa juntas!!
Finalmente conseguiu se mexer e antes de sair dali fitou-a novamente. Laura beijava um dos homens, enquanto olhava Lavinia. Nesse momento o amor se transformou em ódio, e Lavinia jurou que lavaria sua honra.