Luta Sangrenta (miniconto)
Babam, mordem, rosnam um para o outro. Uma luta mortal revela o lado animalesco de cada um. Como viver sem o cheiro do sangue nas narinas? Os músculos retesados sempre prontos para socar. Os pés socam o ar. Nada interfere nesta hora. Nada de compaixão. Vencer e vencer para poder sobreviver mais uma luta, mais um dia. As mortes..., não podem produzir o medo. Há um código próprio para que possa entrar na arena. Precisa cheirar o ar, e, desse modo poder presenciar a proximidade da morte, e se entregar. Não pode escolher. A violência intimida e maltrata, mas também produz a sensação do risco. Precisa estar alerta para não ocorrer no erro de se sentir imortal. O perigo espreita. Não há lugar para o diálogo interior. As vozes imersas não interferem. Calam-se e absorvem o silêncio. A consciência precisa estar alojada em todas as células. Os gritos aceleram os ânimos. Os olhos presos nos olhos do rival. Feito um tigre pronto para atacar. Mais gritos. Ouve o comando da sua voz interior. Sobe no ringue. A multidão urra. A luta começa. Algo não vai bem. Recebe um soco no peito. O coração, assim nocauteado, não sustenta mais a vida. O sangue invade a sua boca. A morte não o intimida. Um sorriso de alivio, finalmente, explora os seus lábios. Silêncio!