O SONHO (ÀS AVESSAS)

Tudo começou quando consegui de forma rápida,

Completar a oração iniciada segundos atrás, que dizia:

- JESUS, DAI-ME O QUE MEREÇO.

A partir deste instante, foi como se surgisse um imenso aspirador,

Que me sugava, no sentido inverso ao chão,

Rumo ao 36º andar daquele edifício torre.

Meus braços e pernas debatiam-se no ar como se fossem asas,

Mesmo sem querer voar,

Fui arremessado para cima violentamente,

Indo pousar na sacada, cuja janela, que ainda podia ver,

Estava com frestas despedaçadas pelo impacto da queda.

Num piscar de olhos, caminhava eu em direção a uma sala,

Na qual, me esperava um senhor de cabelos grisalhos,

Terno bem vincado e sapatos de cromo alemão.

Me oferecendo água, cafezinho e biscoitos,

Iniciou a demonstração de como me emprestaria,

Aquela vultosa soma em dinheiro.

Analisei fria e longamente àquela proposta feita,

E sem pestanejar após alguns minutos de pensamento aguçado,

Respondi-lhe um fragoroso NÃO.

Proposta que me traria ainda mais prejuízos,

Pois ficaria pagando aquele valor durante trinta anos,

Com juros e correção monetária.

Certamente não conseguiria pagar e perderia minha empresa,

Que tantos anos levei para construir.

Tomei o elevador de volta ao térreo e chegando na Avenida,

Um táxi me levou de volta à fábrica,

Cujos empregados me esperavam ansiosos,

Diante do fantasma do desemprêgo.

Reuni-me com todos, tracei metas, ofereci participação nos lucros,

Parceirias, maior contrôle na qualidade do produto.

Enfim, modifiquei todas aquelas práticas nefastas,

Que fazem com que não se consiga uma melhor produção,

Inclusive quanto aos EPIs, criando uma nova CIPA e

Contratando um Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Assim, a empresa fluiu, os lucros vieram...

Para todos os trabalhadores.

E hoje, bem acordado daquele sonho macabro,

Continuo na atividade Petroquímica, que me dá,

Grande prazer em estar atuando e contribuindo,

Para o desenvolvimento sócio-econômico de pessoas,

Que acreditaram em mim.

Por: Jaymeofilho.

26/09/2009.