A ESCADA DE JACÓ
A ESCADA DE JACO
Num dia em que caminhava
Lento e alegre
Longos olhos me fitavam,
E já quase chegando em meu destino
( pensava eu)
Ouvi também um Pio
Agudo como um assobio de moleque de rua.
“Um fantasma” pensei
Apenas um fantasma.
Era dia nublado de janeiro
Era fantasma no nevoeiro
Ou sombra da saci perereca?
Gostaria que a estrada corresse
Comigo.
Tremi de “coragem”
Como tremi de “emoção”.
O vento forte mugia
Como uma vaca atolada no brejo
(“que comparação mais besta”).
É um fantasma apenas um fantasma,
Que me arrancava arrepios.
dei um salto e gritei;
--sou homem hei!
(Será) pensei.E meio que hesitante
Falei baixinho;
“Se for homem me de um abraço”
“Se alma penada me diz que escapo”
Nada, nenhuma letra ou gemido.
O tempo mesmo passou tão rápido
Que já era tardezinha.
Vi brotar em meio o cascalho
uma flor que foi colhida
por mãos de carvalho.
Estrada irreal que sumia
sob a sombra da noite.
Eram tantas vozes que jamais
Pensei na cor da farda
De lampião.
Breves gemidos me confundiam
Meus pés tropeçavam
Encostei-me no barranco
Tossi e escarrei poeira com sangue
Quantas horas, jamais saberia.
Nem a balada que a abelha
Zunia em minha memória
Tiraria-me dali.
Parece que vi a sombra da lua
Junto ao navio de G.H.Wells
Porque não recordo nada
Conservo comigo a paixão
Pela vida em meio às trevas.
A distancia é longa
E prefiro enterrar meu cadáver
Na poeira da estrada
Liberta-se-me-ia do medo
Mesmo que meu peito aberto
Se esvaí-se em sangue.
Derretia o medo da partida
Que meu grito ecoe do inferno terrestre
ate aos céus.
Torne a noite em dia e a tempestade em bonança
os dedos de minha mão crisparam
na terra seca e a solidão a gritar
meus ais nesse sonho infinito.
Deuses do olimpo acendiam fogo nas matas
a minha frente.
A luz tristonha de uma vela
no alto do convés do navio pirata...
Maria a louca da frança me cobriu
De beijos e Luis ficou ali emburrado
De tanto ciúme,
Algumas perolas de seu colar
Caíram pelo chão de tijolo
Se juntando as pulgas de Marselha.
A noite jamais se acaba
Com o trafego de morcegos a cruzarem
Os rochedos do olimpo.
Eis ai a bela estrada que ansiava
Aqui esteve Alcebíades
Fugindo de Atenas
De seu amor perpetuo,
Mandou- me uma carta
Confortando-me de tais trevas
Vi praças e igreja desmoronarem
Dentro de tantos nadas ao meio
Dia.
--obrigado Alcebíades...
Um cheiro de incenso invadiu
As entranhas da noite,
Som de musicas sagra
Pediam por Deus,
Anjos caindo de patins
Se esquecer é o fim
Meus delírios aqui seriam tão comuns,
São nomes que não se esquecem
Algo tão errante como peregrino
A procura de traduções ambíguas.
Sem as madrugadas somos fracos
E mais que mortais.
Perplexo como um coração sem luz junto aos
Ramos retorcido que se engalfiavam
Entre si e um cheiro de cobra
Seguia a minha frente
Eu não podia dizer se a conhecia.
As arvores agonizantes pediam-me
Um abraço e nenhum ramo me tocaram.
Na rocha a minha frente uma insígnia
Dizendo;
“sou sabão toque-me”.
O veludo do fim desbotava
Ao relento toco o pó.
Minha amargura sorria
Sentado em um trono de pedra
O tempo gera a silaba Tonica
Minha alma de olhos vermelhos
Chorava o cinismo do passado
Que lugar me pertenceria?
Reclinei minha cabeça a procura
De um travesseiro, mas apenas
Uma pedra tinha como descanso.