Feridas da Guerra IV
Caminhava de um lado para o outro, batendo os pés com força contra o piso de madeira. Louis continuava pensando na mulher e no filho, porém, dessa vez, com repulsa. O garoto não tinha culpa, mas Christine fora desonesta com o filho e com ele. Louis queria resolver aquilo da forma correta, mas, seria impossível enquanto existisse Pierre. "Maldito!", pensou, "Um francês que não fez nada pelo país merece morrer!".
A ideia o fez sorrir por um momento, mas depois pensou no que aquilo poderia causar ao filho e a Christine. Christine. Ela também não merecia mais viver, a sensação de traição que ele sentia era mais forte que o sentimento puro que os uniu a anos atrás.
Parou em frente a cama do hotel e levou a mão a testa suada.
Planejou as próximas horas e olhou para o pequeno despertador ao lado da cama: 14hrs, mostrava.
Chegou ao hotel ao meio-dia e desde então, passara todo o tempo pensando no que fazer e o esforço mental já o fazia suar frio. Sentou-se na cama e tentou relaxar. O quarto era grande e além da cama, tinha um guarda-roupa e uma escrivaninha. Sobre esta, estava o revolver de Louis. Ele observou de longe a arma, se levantou e a enfiou na calça.
Pegou a chave do quarto e a saca. Saiu tranquilamente. Pagou a estadia e pediu uma pá emprestada ao dono do hotel. O homem, confuso, entregou a ferramenta sem fazer perguntas.
Louis percorreu metade do caminho até a casa amarela pela estrada e começou a adentrar a floresta que a cercava. Chegou a uma clareira e começou a cavar. Depois de algumas horas cavando, arremessou a saca no buraco murmurando:
-Não vou voltar atrás!
E fechou o buraco, antes de prosseguir com sua ideia doentia.